Renda e consumo dos brasileiros caíram em 2002

O consumo das famílias brasileiras em 2002 caiu 0,4% em relação a 2001, segundo estudo do IBGE divulgado ontem. As incertezas em relação à economia, a instabilidade do câmbio, o repasse da desvalorização do real para os preços internos e o aumento das taxas de juros no último trimestre do ano foram os fatores responsáveis pelo menor gasto dos brasileiros.

Já o rendimento médio da família brasileira caiu 1,3%, apesar do aumento real de 1,2% na massa salarial. Segundo o IBGE, a explicação está no aumento do custa de vida no período, de 8,0%, e de 3% no número de pessoas empregadas.

Aumento da arrecadação

Ao contrário da renda e do consumo, a arrecadação tributária cresceu em 2002. Segundo o levantamento do IBGE, o Imposto de Renda cresceu R$ 17,4 bilhões (variação nominal de 29,6% em relação a 2001) e grande parte deste aumento da arrecadação deveu-se ao pagamento de débitos tributários atrasados efetuado pelos fundos de pensão, a partir da edição de Medida Provisória que estabeleceu novas regras para a tributação dos rendimentos e ganhos em aplicações de recursos pelos fundos de previdência complementar. A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) incidente sobre os combustíveis, que passou a ser cobrada em 2002, foi responsável pelo aumento de R$ 7,6 bilhões na arrecadação. Já a arrecadação da CPMF cresceu R$ 3,1 bilhões (18,1%) em relação a 2001, em parte devido à alíquota de 0,38% ter vigorado em todo o ano de 2002, ao passo que, em 2001, essa alíquota passou a vigorar apenas a partir de 19 de março.

Economia cresceu 1,9%

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2002 foi de R$1,3 trilhão, o que significa que a economia nacional cresceu 1,9% no ano. A revisão do crescimento do PIB, de 1,5% para 1,9% em valores, foi divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e teve como principal contribuição o aumento das exportações e a conseqüente queda no volume das importações.

Segundo o IBGE, o novo cálculo mostra que, em 2002, a balança de Bens e Serviços voltou a ter superávit. O último resultado positivo da balança havia sido em 1994, ano do início do Plano Real, quando o PIB alcançou o crescimento de 5,85%, o maior dos últimos oito anos. Na avaliação do Instituto, o crescimento do PIB em 2002 poderia ter sido maior se não fosse a queda de 4,2% nos investimentos públicos e privados o que repercutiu na queda de 1,3% no rendimento dos trabalhadores.

Investimento estrangeiro

Os investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2002 caíram cerca de R$ 30 bilhões em relação a 2001 e, paralelamente, a necessidade de financiamento do País caiu R$ 38 bilhões. O resultado foi impulsionado, principalmente, pelo crescimento de R$ 34,3 bilhões da poupança das famílias e pela redução de R$ 13,8 bilhões da necessidade de poupança do governo.

Os dados são do IBGE, que concluiu que a redução do déficit em transações correntes no ano passado foi suficiente para compensar a queda dos investimentos estrangeiros. O estudo mostra que o balanço de pagamentos apresentou superávit de US$ 300 milhões.

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