Renault anuncia corte de 9 mil postos de trabalho

O corte de 9 mil empregos anunciado ontem, em Paris, pela montadora francesa Renault, não deverá atingir a unidade brasileira da empresa, sediada em São José dos Pinhais.

A informação foi divulgada também ontem pela subsidiária brasileira da montadora, que no início do ano fechou um acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) para suspender, por cinco meses, cerca de mil contratos de trabalho. Com os cortes, a Renault pretende ficar, até o final de 2009, com 120 mil funcionários.

O anúncio das reduções dos postos de trabalho veio junto à divulgação do lucro líquido, em 2008, da montadora, que fechou em 571 milhões de euros (US$ 731,7 milhões), 78,6% menor que os 2,67 bilhões de euros obtidos em 2007. Com isso, a empresa saiu de um lucro operacional de 1,24 bilhão de euros em 2007 para prejuízo operacional de 117 milhões de euros no ano passado.

“O desempenho do Grupo Renault se deteriorou bruscamente no segundo semestre, e ainda mais no quarto trimestre, enquanto a crise financeira se propagava na economia mundial, absorvendo, assim, praticamente todas as conquistas dos três primeiros trimestres”, informou a empresa, cuja receita em todo o ano passado caiu 7%, para 37,79 bilhões de euros, depois de ter recuado 29% apenas no quarto trimestre. A dívida líquida da divisão de automóveis disparou em 5,2 bilhões de euros ao longo do ano, para 7,94 bilhões de euros ao final de dezembro.

Para este ano, a montadora disse que sua “única prioridade” é obter fluxo de caixa positivo. Para isso, a Renault pretende reduzir os estoques, cortar investimentos e manter a redução dos custos fixos. A empresa não fez projeções de resultados para o ano.

O executivo-chefe do grupo, o franco-brasileiro Carlos Ghosn, disse que metade dos 9 mil cortes ocorrerá na França, e que o total inclui 6 mil saídas sob um plano de demissão voluntária. Outra parte virá de aposentadorias.

Onda

O anúncio da Renault é apenas mais um em uma onda de informações negativas proveniente de diversas grandes montadoras. Ontem ainda, a Volkswagen informou que registrou ganho de mercado em sua marca em janeiro, mas com uma queda de vendas de 14,1%, para 246,7 mil veículos. No Brasil, porém, a empresa avançou nas vendas, subindo 1,3%, para 47,6 mil unidades.

Envolvida na maior crise da sua história, a General Motors está solicitando à Suécia que avalize US$ 600 milhões em empréstimos do Banco Europeu de Investimento (BEI) para manter a divisão Saab Automobile operando até que ela possa ser reestruturada para ser vendida. Já a GM do Brasil foi condenada, ontem, a indenizar os 802 funcionários que demitiu na fábrica de São José dos Campos, no início do ano.

Na última quarta-feira, a principal concorrente da Renault na França, a Peugeot, disse que poderá reduzir sua força de trabalho em até 12 mil pessoas neste ano por meio de demissões voluntárias. A Nissan, parceira mundial da Renault, também já anunciou o corte de 20 mil vagas em todo o mundo.

Nomeações

A Renault também anunciou, ontem, que o presidente da empresa no Brasil, Jérôme Stoll, assumirá, em março, a vice-presidência Comercial do Grupo, a diretoria-geral da Região Europa e a divisão mundial de Veículos Utilitários.

Stoll ocupava o cargo no Brasil desde maio de 2006, acumulando-o com a função de diretor-geral da Renault Mercosul. Recentemente, ele também havia assumido como diretor da Região Américas do Grupo.

O substituto do executivo na Renault do Brasil e do Mercosul será Jean-Michel Jalinier, que era diretor geral da empresa na Rússia. Patrick Pélata, atual Chief Operating Officer (COO) do Grupo, acumulará temporariamente o comando da Região Américas.