Refeições fora de casa geram empregos

O setor de bares e restaurantes vai fechar 2006 com crescimento de 6% e geração de cerca de 150 mil novos empregos diretos. É o segmento que mais emprega no país: 6 milhões de postos de trabalho, o que representa 8% da mão-de-obra brasileira. Mas segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, o segmento poderia gerar pelo menos mais dois milhões de empregos se fosse adotado o sistema de horas. Os proprietários pagariam só pelo tempo trabalhado e os funcionários teriam horários mais flexíveis para estudar e para cuidar da família.

A análise foi feita em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde Solmucci participou da abertura da Mostra Alimentação Fora do Lar, promovida pela Abrasel-PR. Segundo ele, hoje 26% do que o brasileiro gasta com alimentação fica com o setor de bares e restaurantes. Esta fatia de mercado vem crescendo 1% ao ano. Na avaliação dele, o setor poderia criar muito mais empregos se o governo brasileiro atualizasse a legislação trabalhista, que é de 1943. ?Pelo menos mais dois milhões de novos empregos?, estima, acrescentando que ?em janeiro deste ano, dos 60 mil empregos com carteira assinada criados em todo o país, 20% estavam no setor da alimentação?.

Para Solmucci, com o sistema de horas em vez do mensalista, tanto empregador como trabalhador sairiam ganhando. Nos países que adotaram o sistema de horas, os funcionários trabalham em média 25,3 horas semanais – contra 48 horas no atual modelo. ?A maioria tem entre 16 e 30 anos de idade. Com esse sistema (de horas), os jovens podem trabalhar e estudar e as mães ainda têm tempo para cuidar dos filhos?, diz.

De acordo com ele, os salários também não diminuem. Os funcionários ganham 20% a mais por hora trabalhada do que os mensalistas. Os proprietários conseguem pagar um valor maior porque não ficam com mão-de-obra ociosa em horários e dias de pouco movimento. Ou seja, conseguem aliar a quantidade de funcionários com a demanda de cada dia.

Segundo o presidente da Abrasel, nos próximos anos a situação deve mudar. Em 2007 será criada uma comissão envolvendo 10 ministérios do governo para discutir estas mudanças no segmento.

Mas os problemas do setor não param por aqui. Para Solmucci, os proprietários de bares e restaurantes precisam também se profissionalizar. Há 30 anos, 23% das mulheres trabalhavam fora. Hoje o número subiu para 45%. Isto quer dizer que cada vez mais o brasileiro gasta comendo fora de casa. No entanto, o mercado não está preparado para atender pessoas diabéticas, celíacas – que não podem ingerir trigo (glúten) -, idosos, atletas e crianças. ?Faltam políticas públicas para orientar a população no Brasil. Apesar de ser um setor de grande importância, está abandonado pelo governo?, avalia.

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