Reestruturação na Fiat sem demissões

O Grupo Fiat não prevê demissões ou grandes mudanças no Brasil, apesar da reestruturação anunciada na Itália pela empresa ? que, entre outras medidas, deverá cortar 12 mil empregos. Segundo a direção do grupo no país, a Fiat vem obtendo bons resultados, ao contrário do que acontece na Itália e em outros países da Europa, particularmente no setor de automóveis, onde é líder de mercado.

No Brasil, a empresa já anunciou, este mês, que vai contratar imediatamente 200 funcionários para a linha de produção da fábrica de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A Fiat fatura R$ 11,1 bilhões anualmente no país e emprega 20.500 trabalhadores. Segundo a direção da montadora, este ano será cumprido à risca o programa de investimentos, que prevê a aplicação de R$ 3,3 bilhões nas 15 indústrias do grupo, divididas entre fábricas de automóveis, maquinário agrícola, tratores, utilitários, entre outros produtos.

A empresa informa que mantém a liderança no mercado de automóveis comerciais leves, colheitadeiras, máquinas de construção, autopeças e ainda disputa a liderança no mercado de tratores, de caminhões leves e no setor de fundição de ferro.

Segundo a Fiat, as novas vagas abertas em dezembro já são resultado da recuperação do mercado automotivo brasileiro nos últimos três meses ? embalada pela redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incide sobre carros. Mas o superintendente da Fiat Automóveis para a América Latina, Alberto Ghiglieno, aposta na reativação econômica do país e na retomada do crescimento em 2004.

? Acreditamos que o bom ritmo de vendas verificado nos últimos três meses vai se manter também no início de 2004 ? afirmou Ghiglieno.

A Fiat Automóveis, braço do setor de carros de passeio do grupo italiano, é um dos trunfos para a manutenção do otimismo em relação ao Brasil.

Por meio da chamada “mineirização”, a Fiat atraiu os fornecedores para as proximidades da fábrica de veículos, permitindo rapidez e fornecimento de autopeças a preços menores. O sistema batizado de “just-in-time” (no tempo certo) é uma prova do jeito Fiat de ser no Brasil, como dizem os italianos radicados em Minas.

Trata-se, na verdade, de receber equipamentos em grandes caminhões num ritmo sincronizado com a linha de montagem, dispensando grandes estoques e, conseqüentemente, reduzindo despesas.

A Fiat inovou também nas relações com os funcionários. Os chamados ganhos indiretos ? como plano de saúde, cursos de aperfeiçoamento profissional na fábrica e outras medidas ? serviram para reduzir as tensões por causa de salários. A empresa não enfrenta movimentos grevistas bem-sucedidos há 18 anos.

Ao contrário do que ocorre no Brasil, o grupo enfrenta dificuldades em muitos países. A Fiat anunciou recentemente que vai cortar 12.300 empregos até 2006 e fechará 12 fábricas em 2004. Segundo o presidente-executivo da empresa, Giuseppe Morchio, a maior parte dos cortes será feita fora da Itália. O presidente da empresa, Umberto Agnelli, também já informou que a diretoria da Fiat aprovou um aumento de capital com o objetivo de contribuir para o financiamento do terceiro plano de reestruturação da montadora.

A empresa decidiu fazer uma oferta de ações para obter 1,8 bilhão de euros. O grupo também decidiu emitir 368,5 milhões de ações ordinárias a um preço de cinco euros cada, o que corresponde a três ações novas por cada cinco já em circulação.

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