Recursos repatriados cresceram 146%

Rio – Os brasileiros que residem no exterior estão enviando volume cada vez maior de recursos para os seus parentes que permaneceram no País. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos primeiros três meses do ano os brasileiros enviaram R$ 2,15 bilhões para os seus parentes no Brasil, o que representa aumento de 146% em relação ao registrado nos três primeiros meses do ano passado.

Considerando que a oscilação média do dólar no período ficou em torno de 40%, houve aumento real (descontada a oscilação do dólar) de quase 80% no primeiro trimestre. Boa parte desse dinheiro voltou ao País devido à explosão da moeda americana, o que torna as mercadorias no Brasil mais “baratas” quando cotadas em moeda forte.

O movimento de repatriamento de recursos vem crescendo desde o segundo semestre do ano passado, quando o dólar atingiu cotação recorde. No total, os brasileiros repatriaram R$ 7,265 bilhões em 2002, num aumento de quase 90% em relação aos R$ 3 865 bilhões registrados em 2001.

Juros e dividendos

Mas, ao mesmo tempo que registra boas notícias, com o ingresso de recursos de brasileiros para os parentes, o País continua “sangrando” para pagar juros e dividendos, ou a chamada “renda de propriedades”. As remessas para o pagamento de “juros e dividendos” para o exterior (rendas de propriedades) caíram no primeiro trimestre, segundo a publicação “Contas Econômicas Trimestrais” do IBGE, mas permanecem em níveis elevados em relação à média dos anos 90.

Pelos dados do instituto, as remessas na rubrica de “rendas de propriedades” de janeiro a março deste ano somaram R$ 11,9 bilhões, com aumento de 46% em relação ao registrado no primeiro trimestre do ano passado e queda de 36% em relação ao último trimestre de 2002. Segundo o IBGE, o País está enviando para o exterior, em média, quase R$ 4 bilhões para o pagamento de juros (dívida externa) e dividendos (participação dos lucros das multinacionais). O total pago nos três primeiros meses de 2003 representou 3,46% do Produto Interno Bruto (PIB) do período (soma das riquezas produzidas no País, que somou R$ 334,625 bilhões).

Nos últimos três meses de 2002 as remessas de juros e dividendos enviadas ao “resto do mundo” atingiram R$ 18,807 bilhões, o que representou 5,16% do PIB do quarto trimestre de 2002 (R$ 348,474 bilhões). Nunca, na história recente do País, se remeteu tanto para fora do País para o pagamento de juros e dividendos. A média de 2002 ficou em 3,95% do PIB (cerca de R$ 4 3 bilhões por mês, em média), superando os 3,79% observados em 2001, que já era recorde nos últimos anos.

No início do anos 90, as remessas líquidas do País para o pagamento de “rendas de propriedade” oscilavam em torno de 1,5% a 2,0% do PIB. Ao todo, o Brasil remeteu para o “resto do mundo” em 2002 o equivalente a R$ 52,264 bilhões para o pagamento de “rendas de propriedade” (juros e dividendos).

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