Os agricultores familiares atingidos pela seca no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná já podem acessar os R$ 800 milhões disponibilizados pelo governo federal para a safra de inverno. Os recursos, antecipação de créditos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), fazem parte das medidas anunciadas para amenizar os efeitos da estiagem na região Sul. Somente no Rio Grande do Sul, estado mais afetado pelo problema, 154 municípios tiveram a situação de emergência reconhecida pela União. Dos 497 municípios gaúchos, 442 – 88% do total -decretaram estado de calamidade causado pela falta de chuvas.
A garantia de crédito da safra de inverno para auxiliar os agricultores atingidos pela seca é uma prioridade para o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Segundo o coordenador do Departamento de Financiamento e Proteção da Produção da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), do ministério, João Luiz Guadagnin, o agricultor interessado no financiamento deve adotar os procedimentos normais de acesso ao Pronaf. De posse da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), o candidato deve procurar a Emater, associação, sindicato ou prefeitura que mantenha convênio com o banco e dar encaminhamento ao contrato.
Para solicitar o Pronaf, o trabalhador rural necessita ter em mãos a carteira de identidade e o CPF, além de apresentar uma proposta de crédito agrícola. Nesse processo é importante a orientação de um técnico de extensão rural para formatar o projeto e a proposta de financiamento, além de auxiliar na implantação e na atividade correta para a propriedade. Caso não disponha da DAP, o agricultor deve procurar uma das entidades ou instituições credenciadas pelo MDA e retirar o documento.
Precauções
Em razão dos enormes prejuízos causados pela estiagem deste ano, cabe ao agricultor familiar fazer uma análise criteriosa antes de contrair o financiamento. ?Todos aqueles que necessitam do crédito terão financiamento, mas o agricultor precisa primeiro discutir com a família o que fazer com o dinheiro?, aconselha Guadagnin. O técnico do MDA acrescenta que é fundamental verificar os prejuízos na propriedade, revisar projetos e só depois ir em busca do financiamento do Pronaf.
Para Guadagnin, a seca na região Sul não pode mais ser encarada como um caso de exceção, já que nos últimos anos o fato tem se repetido anualmente. ?É preciso pensar no futuro e ter alguma forma de conviver com a estiagem?, sugere. Entre as possíveis soluções está a construção de grandes caixas d?água ou cisternas, como forma de acumular água e assim ter uma pequena reserva hídrica para o momento em que a chuva faltar.
Guadagnin acrescenta ainda a urgente necessidade de os agricultores repensarem o modelo de exploração do solo, diversificando as culturas e, em alguns casos, até mesmo substituindo-as. ?O agricultor deve pensar quem perdeu menos com a seca, analisar exemplos que estão dando certo e segui-los.? Para que o processo de substituição da produção seja feito com sucesso, deve-se pensar ainda que culturas podem ser trabalhadas levando-se em consideração questões como demanda mercadológica, capacidade do solo, conhecimento e assistência técnica.