Queda da inflação vai influenciar o juro

As quedas dos índices de inflação verificados nos últimos meses podem dar um ?conforto? ao Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) para iniciar uma redução de juros já na reunião da próxima semana, disse ontem o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Para o ministro, tudo indica que os objetivos estabelecidos na política monetária foram atingidos com folga. ?Isso poderá dar um conforto aos membros do Copom para iniciar efetivamente uma escalada descendente (dos juros)?, disse Furlan.

A tendência de quedas da inflação deve prosseguir em 2006, disse o ministro, vistas as projeções de reajustes de tarifas baseados em índices de inflação. ?Todos os dados que têm sido divulgados mostram concretamente uma queda de todos os índices de inflação. Inclusive a perspectiva para o futuro de reajustes de tarifas baseadas em índices mostram para o ano que vem também uma continuidade da queda da inflação.?

O Copom se reúne na próxima semana para decidir qual será a taxa Selic. No mês passado, o Copom manteve a taxa de juros básicos em 19,75% ao ano. Foi o terceiro mês seguido de manutenção da taxa nesse patamar. Entre setembro do ano passado e maio deste ano, o Banco Central elevou a Selic nove vezes.

O dados da indústria mostram que os juros altos já estão afetando o setor produtivo. A produção industrial brasileira registrou queda de 2,5% em julho, na comparação com junho, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi a primeira queda do indicador após quatro meses consecutivos de expansão. O resultado representa também a maior perda desde janeiro de 2003.

Focus

O boletim Focus, do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (5) mostrou que a expectativa para a reunião da próxima semana é de uma redução de apenas 0,25 ponto percentual na taxa, contra a expectativa anterior, de 0,5 ponto percentual.

Para o final do ano, os analistas esperam que a Selic recue para 18%, segundo o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC.

Na ata da última reunião do Copom, os diretores do BC afirmaram enxergar um cenário mais positivo para a evolução da inflação futura.

As expectativas de inflação voltaram a recuar na última reunião do comitê. O mercado prevê que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) será de 5,23% neste ano, contra 5,26% do levantamento anterior. É a décima sexta revisão para baixo. O BC persegue uma inflação medida pelo IPCA de 5,1% em 2005.

Para o ano que vem, a expectativa do mercado também teve um leve recuo, passando de 4,90% para 4,85%, o quarto consecutivo. A meta de inflação em 2006 é de 4,5%.

Conselho vai analisar desoneração de produtos

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial se reunirá no próximo dia 26 de outubro em Brasília para estudar a desoneração de produtos de consumo básico das famílias, como alimentos e produtos de limpeza, disse ontem o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

?Na agenda da próxima reunião temos a apresentação de estudo para futura desoneração de bens de consumo massivo. Por orientação do presidente Lula, estarão incluídos nesse estudo alimentos e produtos de higiene e de consumo básico das famílias?, disse o ministro.

O estudo está sendo realizado pela ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial). ?Ainda não está decidido de quanto será a renúncia fiscal?, acrescentou Furlan.

Na abertura da feira de cosméticos CosmoProf, no Anhembi, Furlan afirmou que o setor de cosméticos e higiene está crescendo ?à velocidade chinesa de 8,2% ao ano?. ?Se o Brasil crescesse isso por ano seria uma maravilha?, disse o ministro.

Sobre a viagem à China, o ministro disse que irá negociar restrições voluntárias das exportações chinesas, mas que o Brasil tem mecanismos para aferir se as restrições estão sendo cumpridas.

O ministro lembrou ainda que a Camex (Câmara de Comércio Exterior) já decidiu ?por unanimidade, regulamentar o acordo que a China fez com a OMC (Organização Mundial do Comércio) para a aplicação de salvaguardas?.

?Isso não deverá prejudicar a nossa negociação?, disse Furlan. Na pauta de negociações estão produtos têxteis, em particular confecções, brinquedos, além de eletroeletrônicos e possivelmente calçados.

?Estamos recolhendo informações com os diversos setores para poder compor uma pauta negociadora.?

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