PT poderia renegociar dívidas com FMI se necessário, diz Mantega

O assessor econômico do Partido dos Trabalhadores Guido Mantega admitiu hoje (21), em São Paulo, a possibilidade de um governo petista renegociar, em caso de necessidade, os vencimentos externos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outros organismos multilaterais de crédito. Dos US$ 25 bilhões de vencimentos externos para o próximo ano, cerca de US$ 16 bilhões enquadram-se nesse perfil.

“São dívidas que, se preciso, podem ser renegociadas”, afirmou Mantega, para quem a melhora da situação econômica, esperada por ele em um governo do PT, deverá eliminar a necessidade de novos empréstimos. O assessor petista reforçou o compromisso do partido de promover, em um eventual governo, o superávit primário necessário para estabilizar a relação dívida/PIB.

Superávit

“A meta atual de 3,75% num primeiro momento é boa, mas nosso compromisso é obter o superávit necessário para a estabilidade dessa relação.” Ao mesmo tempo, admitiu que o programa de metas de inflação seria preservado, porém com metas maiores que as atuais. “A meta certamente será maior do que 4%, mas não arriscaria um número preciso agora”, afirmou. “A meta de inflação deveria refletir uma média das taxas de alguns países industrializados mais alguma coisa, digamos 2% ou 2,5%.”

Um eventual governo Lula deverá fixar a meta antes do final do ano. Porém, a meta vai depender de muitos fatores, como a performance dos mercados. Um governo petista, adiantou o economista, utilizaria um regime de metas de inflação com duas bandas: uma estreita e outra larga, esta segunda para o caso de ocorrência de choques.

Mantega revelou também que Lula, se eleito, anunciará imediatamente uma agenda de reformas “que bote o Congresso para trabalhar”, concentrado na reforma tributária, no término da reforma previdenciária e na regulamentação do artigo 192 da Constituição (que trata do sistema financeiro).

Na questão da autonomia do Banco Central, ele acha que o melhor modelo é o da Inglaterra, baseado na autonomia operacional. “Não queremos dar a independência total, como no caso do Fed (Federal Reserve Bank, dos EUA). A alternativa é dar mandatos fixos aos diretores do BC, mas deixando ao presidente da República o poder de remover os diretores no caso de não-cumprimento de metas. O Conselho Monetário ou o Executivo fixaria metas e os diretores as executariam, sem a interferência do Executivo”, completou.

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