Presidente do Ipardes contesta Serathiuk

?Em referência à matéria publicada no jornal O Estado do Paraná, de 08 de janeiro de 2006, na Editoria de Economia, em que o sr. Geraldo Serathiuk, delegado Regional do Trabalho, contesta de forma deselegante os dados apresentados em entrevista à Agência Estadual de Notícias no dia 06 de janeiro (Paraná se mantém como terceiro Estado em geração de empregos) tentando desqualificá-los, com argumentos carentes de solidez, como é típico de quem não os possui, esclareço que:

A geração de um saldo positivo de 94.205 empregos (número de admitidos menos o número de desligados) com carteira assinada no período de janeiro a novembro de 2005 no Paraná, número este inferior aos 153.965 criados no mesmo período de 2004, pode ser explicada, fundamentalmente, por duas ordens de fatores. A primeira vinculada à política econômica adotada, contra a qual sempre lutei desde os anos 90 – votei no atual presidente acreditando em sua promessa de revê-la. Creio que, neste sentido, o Sr. Geraldo compartilhou de expectativa igual à minha. Essa política fez com que o crescimento da economia brasileira baixasse dos 4,9% verificados em 2004 para os 2,6% estimados para o ano passado. Qualquer manual de economia nos informa que se o crescimento da economia é mais modesto, o crescimento do emprego da força de trabalho também se dará de forma modesta, o que nem a moral dos economistas neoclássicos que dominam o pensamento atual no Ministério da Fazenda e do Banco Central condena.

Além disso, a política cambial adotada, valorizando o real, diminui a renda dos setores exportadores, limitando assim suas possibilidades de investimento na ampliação de suas capacidades produtivas e de geração de mais emprego.

A segunda ordem de fatores que impactou sobre o crescimento do emprego com carteira assinada, e que menciono na entrevista, refere-se a ocorrências sobre as quais o governo do Paraná não tem controle, como o período de estiagem ocorrido no verão de 2004, ou sobre as quais as possibilidades de controle extrapola suas competências, a exemplo do caso da febre aftosa, em que todas as medidas de controle fitossanitário recomendadas, e que são de competência do governo estadual, foram tomadas.

Mesmo assim, o desempenho do Paraná foi excelente, e é justo que parte desse sucesso seja atribuído às políticas implementadas pelo governo do Paraná, que, na contramão da política do governo Central, teve a iniciativa de isentar e reduzir a tributação de ICMS para as micros e pequenas empresas, visto que possuem uma maior capacidade de geração de emprego, aumentando sua competitividade e, conseqüentemente, sua capacidade de crescimento.

É claro que as políticas sociais são importantes mecanismos de transferência de renda numa sociedade como a brasileira. O gasto público delas provenientes, segundo ainda o que dizem os manuais de economia, estimula a demanda e, portanto, gera maior produção e emprego. Mas, convenhamos, por mais necessárias, justas e importantes que sejam na atual realidade brasileira essas políticas (as quais defendo), não é por esse caminho que vamos promover a geração de emprego e o desenvolvimento do país. Além disso, a atual política econômica, que está restringindo o crescimento, vem também limitando os impactos favoráveis que as políticas sociais compensatórias do governo federal podem ter sobre o maior dinamismo da economia, a geração de empregos e a melhoria sustentável das condições de vida da população brasileira.

José Moraes Neto, diretor-presidente do Ipardes, professor adjunto da UFPR e ex-presidente do Conselho Federal de Economia.?

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