Preços administrados impedem alta maior da inflação da baixa renda

A trégua nos aumentos em preços administrados e um refresco na inflação de alimentos permitiu que o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1) desacelerasse em fevereiro. O indicador, que mede a inflação percebida pelas famílias de baixa renda, subiu 0,83% em fevereiro, após alta de 2,00% em janeiro, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).

O movimento de desaceleração foi generalizado, com seis das oito classes de despesa componentes do índice perdendo força na passagem do mês. Uma das principais influências veio do grupo Transportes, que subiu 5,38% em janeiro e agora avançou 2,11%. Depois de ficarem 8,88% mais caras, as tarifas de ônibus urbano aumentaram 1,13% no mês passado e a diferença contribuiu para o alívio. A gasolina, porém, acelerou bastante, subindo 8,40%. Mas o peso do combustível para a baixa renda é inferior se comparado à média das famílias.

Além dos transportes, o grupo Alimentação perdeu força, passando de alta de 1,97% em janeiro para aumento de 0,74%. A FGV apontou que a principal contribuição veio das hortaliças e legumes, que ficaram 3,96% mais caros em fevereiro, bem menos do que no primeiro mês do ano (16,31%). Mas outros produtos cederam, como o leite longa vida, que ficou 3,65% mais barato.

Outro preço administrado, a tarifa de eletricidade residencial deu uma trégua. Após alta de 8,88% em janeiro, o item avançou 1,08% no mês passado. Com isso, o grupo Habitação também perdeu força (2,02% para 0,78%).

Além disso, desaceleraram na passagem do mês Educação, Leitura e Recreação (3,02% para 0,33%), Despesas Diversas (2,21% para 1,19%) e Comunicação (0,26% para 0,19%). Nestes grupos, os destaques ficaram com os itens cursos formais (10,51% para 0,05%), cigarros (3,46% para 1,87%) e pacotes de telefonia fixa e internet (0,97% para -0,03%), respectivamente.

Já os grupos Saúde e Cuidados Pessoais (0,02% para 0,49%) e Vestuário (-0,40% para 0,05%) aceleraram na passagem do mês, influenciados principalmente pelos artigos de higiene e cuidados pessoais (-1,00% para 0,48%) e pelas roupas (-0,67% para -0,13%), respectivamente.

Menor que a média

O IPC-C1capta a alta de preços percebida por famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos. O resultado difere da inflação média apurada entre famílias com renda mensal entre 1 e 33 salários mínimos, o chamado Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-Br), também calculado pela FGV. Segundo a instituição, alguns itens tem relevância maior no orçamento da baixa renda, como é o caso das tarifas de ônibus urbano e dos alimentos.

Como esses itens foram os que mais desaceleraram na passagem do mês, a taxa do IPC-C1 de fevereiro foi inferior à inflação média, que avançou 0,97% no período. Em janeiro, o movimento havia sido justamente o contrário, já que tarifas de ônibus e de energia haviam dado um salto.

No acumulado em 12 meses, porém, o IPC-C1 passou de 7,66% em janeiro para 8,06% em fevereiro. O resultado supera o IPC-Br, que avançou a 7,99% em igual período.

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