Preço do gás para veículos sobe 1,56%

Na semana em que a crise política boliviana experimentou seus piores dias, com o bloqueio de estradas e a renúncia do presidente Carlos Mesa, o preço do gás natural veicular (GNV) subiu 1,56% no Brasil. É o que mostra a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), divulgada ontem. O metro cúbico do GNV para o consumidor, segundo a pesquisa, passou de R$ 1,091, na semana de 29 de maio a 4 de junho, para R$ 1,108 na semana seguinte (5 a 11 de junho). Até então, o preço era estável. Para a Companhia Paranaense de Gás (Compagás), responsável pela distribuição de gás natural no Estado, o aumento não guarda relação com a crise boliviana.

?Esse aumento não tem relação alguma com a questão da Bolívia. Provavelmente, houve um aumento da margem (de lucro) dos postos, ou aumento dos custos de energia elétrica ou de frentistas?, apontou o assistente de planejamento da Compagás, Alexandre Haag Filho.

Em Curitiba, a pesquisa da ANP aponta que não houve aumento do GNV no varejo na semana passada – o metro cúbico continuava sendo vendido a R$ 1,228, como na semana anterior. Nas distribuidoras, porém, o preço máximo do metro cúbico em Curitiba passou de R$ 0,977 para R$ 1,027 – elevação de 5%.

De acordo com Haag Filho, não houve aumento de preços pela Compagás. ?Desde 1.º de maio de 2003, a Compagás não subiu o preço?, garantiu. O metro cúbico comercializado pela companhia, segundo ele, custa R$ 0,7444 com impostos. ?É difícil dizer o que gerou esses aumentos (tanto nos postos como nas distribuidoras)?, apontou. A Compagás vende em média 700 mil m3/dia para 1.078 clientes dos mercados veicular, comercial, industrial, residencial e de geração de energia.

Sobre a diferença de preço entre o GNV no País e em Curitiba – R$ 1,108 contra R$ 1,228 -, Haag explica que o gás boliviano comprado pelo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul é mais caro do que o gás natural nacional comercializado por outros estados. ?Há também a questão dos impostos, do ICMS.?

Susto precoce

O assistente de planejamento da Compagás definiu como ?susto precoce? a questão da crise boliviana e o possível racionamento de gás natural, já descartado pela Petrobras. ?Riscos existem, isso é normal. Mas não acredito que a situação vá se repetir com tanta intensidade como foi dessa vez?, afirmou.

Apreensão

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Paraná (Sindicombustíveis-PR), Roberto Fregonese, o aumento do GNV especialmente nas distribuidoras pode ?ser uma antecipação do que está por vir?. ?O mercado funciona pela lei da oferta e da procura. Quando há risco de faltar um produto, o preço sobe?, explicou.

Brasil trará gás do Peru

A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, discutiu ontem, em Lima (Peru), um acordo com ministros da Argentina, Chile, Uruguai e Peru para a construção de um gasoduto para integração regional e o escoamento da produção de gás natural do Peru como alternativa ao proveniente da Bolívia.

Estimado em US$ 2,5 bilhões, o projeto de iniciativa da Argentina e do Chile deverá permitir a exportação de aproximadamente 30 milhões ou 35 milhões de metros cúbicos de gás por dia do Peru para o Chile e os outros países envolvidos nas discussões.

Com a nova alternativa, o Brasil e a região ficariam menos dependentes do gás da Bolívia, que viveu grave crise institucional nos últimos dias.

Hoje o Brasil importa cerca de 24 milhões de metros cúbicos/dia de gás natural da Bolívia. Com o aumento da capacidade na Argentina, o projeto garantiria, então, o fornecimento ao Brasil e Uruguai. O Brasil receberia entre 5 milhões e 7 milhões de metros cúbicos por dia, de acordo com a assessoria da ministra.

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