Preço da gasolina cai e o do álcool sobe

A decisão da Justiça em fixar a margem de lucro dos donos de postos de combustíveis de Curitiba já começou a surtir efeito. Ontem, próximo às 17h – limite máximo para que os donos de postos cumprissem a decisão judicial -, os preços começaram a ser modificados nas bombas. Em alguns estabelecimentos, a gasolina ficou abaixo do que previa a Promotoria de Defesa do Consumidor, que era R$ 2,229. Na outra ponta, o álcool subiu consideravelmente, passando de R$ 1,60 em alguns postos.

Conforme a tutela antecipada requerida pela Promotoria de Defesa do Consumidor e concedida pela Justiça, os postos da capital podem ter margem de lucro máximo de 11% para a gasolina tipo ?c? e 30% para o álcool hidratado. A decisão vale por um ano.

O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR) deve ingressar hoje com recurso na Justiça, na tentativa de reverter a decisão. O sindicato representa 184 postos da capital, e ontem realizou trabalho intensivo para notificar os donos de postos. Além desses, outros 89 postos estão sendo intimados pela Justiça, individualmente. Quem não cumprir a determinação está sujeito a multa de R$ 10 mil.

Preços

Conforme apurou a reportagem de O Estado, a maior parte dos postos cumpriu a decisão judicial e modificou os preços. No Auto Posto das Bandeiras, bandeira Ipiranga, no bairro Mercês, o litro da gasolina comum caiu de R$ 2,35 para R$ 2,22 – queda de 7,5%. O preço da gasolina aditivada também reduziu, de R$ 2,39 para R$ 2,24. Já o álcool subiu de R$ 1,47 para R$ 1,63. Segundo o caixa Leandro Freitas, o posto deve conseguir se manter nesses patamares de lucro, mas apenas por pouco tempo. ?Nosso lucro vai cair, com certeza?, apontou.

No Posto Vila Verde, da Petrobras, o preço da gasolina comum caiu ainda mais: de R$ 2,37 para R$ 2,19 – queda de 8,5%, enquanto o álcool subiu de R$ 1,39 para R$ 1,44. Segundo o gerente Ricardo Alexandre Skrzek, o posto continua operando com cartões de crédito e débito, mas pode rever o uso.

O Posto Mamoré, também da Petrobras, era um dos poucos que permanecia com os preços inalterados depois das 17h. Segundo o gerente Ary Sylvio Toledo, o sindicato não havia notificado o posto até então. Ontem, o litro da gasolina comum custava R$ 2,389 e o do álcool, R$ 1,47. Toledo não soube informar para quanto deve cair o litro da gasolina e quanto deve subir o litro do álcool. Segundo ele, a margem de lucro de 11% sobre a gasolina é pouco, dependendo a quantidade que o posto revende. ?Na quantidade atual com que trabalhamos, por exemplo, não consigo sobreviver só com esta margem?, apontou. Por outro lado, a margem de lucro sobre o álcool, segundo Toledo, é suficiente. ?Se o preço da gasolina subir, teremos que subir o patamar do álcool, pois um irá compensar o outro.?

Procon fiscaliza determinação judicial

Assim que venceu o prazo para os postos modificarem os preços dos combustíveis, duas equipes do Procon-PR saíram ontem às ruas para fiscalizar se a decisão estava sendo cumprida. ?Neste primeiro momento, vamos passar pelos postos do centro?, afirmou o coordenador do Procon-PR, Algaci Tulio. Segundo ele, postos em que os preços não tivessem sido alterados seriam autuados. ?Somos os responsáveis pela aplicação das multas?, afirmou. De acordo com o coordenador, o consumidor que verificar que algum posto não reduziu os preços – no caso da gasolina – poderá, com o tíquete de abastecimento em mãos, fazer a denúncia no Procon, através do 0800411512.

Petrobras

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, afirmou ontem, em audiência na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, não haver uma decisão sobre um possível aumento do preço dos combustíveis em razão da recente alta do preço do petróleo no mercado internacional. ?Nós analisamos esse preço levando em consideração uma série de fontes de fornecimento. Por isso algumas vezes nossos preços não batem com o preço de alguns analistas?, argumentou.

A Petrobras registrou na segunda-feira um novo recorde histórico de produção no Brasil, com 1,666 milhão de barris no dia. (LS)

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