Preço da cesta básica cai pelo terceiro mês

Os preços dos alimentos recuaram 1,39% em Curitiba em julho. Foi o terceiro mês consecutivo de queda; com isso, os alimentos acumulam no ano (de janeiro a julho) queda de 10,77% e, nos últimos 12 meses, queda de 3,28%. Os dados foram divulgados ontem pelo Dieese-PR (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná).  

Dos 13 itens que fazem parte da cesta, oito registraram queda, com destaque para o tomate (-8,40%) – influenciado sobretudo pela maior oferta do produto, devido às condições climáticas (pouco frio) e ao adiantamento da safra. A carne registrou a segunda maior queda (-4,64%), apesar de julho ser considerado o período de entressafra para a pecuária. ?Não houve geada este ano. Além disso, as restrições à exportação do produto (por conta da febre aftosa) pressionaram o preço no mercado interno?, afirmou o supervisor técnico do Dieese-PR, Cid Cordeiro. A estiagem também contribuiu para a maior oferta do produto, já que muitos pecuaristas mandaram os animais mais cedo para o abate.

Outros produtos que tiveram redução nos preços foram café (-4,25%), leite (-2,53%), feijão (-2,16%), batata (-0,89%), açúcar (-0,63%) e manteiga (-0,51%). Na outra ponta, quatro produtos ficaram mais caros: banana (14,75%), farinha de trigo (3,45%), arroz (2,90%) e pão (1,00%). O preço do óleo de soja permaneceu estável.

Com relação ao valor, Curitiba encerrou julho com a cesta básica custando R$ 157,86, a sexta mais cara entre 16 capitais pesquisadas pelo Dieese. A mais cara foi encontrada em Porto Alegre (R$ 171,02) e a mais barata em Aracaju (R$ 134,03). Quanto à variação, apenas duas das 16 capitais tiveram aumento nos preços em julho: Porto Alegre (1,60%) e Florianópolis (0,81%).

Acumulado no ano

No ano, o preço da cesta básica acumula queda de 10,77%, influenciado sobretudo pelo tomate (cujo preço caiu 54,39%) e pela batata (-35,09%). ?É possível encontrar o quilo do tomate sendo vendido por até R$ 0,33?, observou Cid Cordeiro.

De acordo com o economista, a queda de quase 11% na cesta básica vem ocasionando impacto significativo na negociação com os trabalhadores. Isso porque os alimentos têm peso importante na composição do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), utilizado no reajuste salarial dos trabalhadores. ?No acumulado dos 12 meses, o INPC acumula aumento de 2,9%, enquanto o IPCA (índice utilizado como meta de inflação pelo governo federal) é de quase 3,7%?, apontou.

O resultado, segundo o economista, é que a média salarial de R$ 900,00 (praticada no Paraná) aumenta para R$ 927,00, quando o reajuste seja apenas pelo INPC. ?A inflação baixa é importante porque reduz a perda salarial. Por outro lado, é preciso dar o segundo passo, ou seja, melhorar a renda do brasileiro?, observou.

Expectativa

Para agosto, a expectativa é que os preços dos alimentos voltem a subir, segundo o economista do Dieese-PR. ?Houve geada em algumas regiões, que deve impactar no aumento dos preços dos hortifrutigranjeiros. Também a carne não vai seguir com esta queda?, arrematou.

Artigos de limpeza mais baratos

Os artigos de limpeza em Curitiba ficaram, em média, 1,53% mais baratos em julho, na comparação com o mês anterior. As principais influências vieram do sabão em pó (cujo preço caiu 3,52%, em média), sabão em barra (-7,39%) e o amaciante (-7,10%). Por outro lado, produtos de higiene ficaram 0,15% mais caros, por conta do aumento verificado no sabonete (7,16%) e no papel higiênico (1,56%). A pesquisa, feita pelo Dieese-PR em parceria com a Federação dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação do Paraná, vai subsidiar a Federação nas negociações coletivas e concorrências públicas do setor.

De acordo com o economista Cid Cordeiro, do Dieese-PR, a queda nos preços dos produtos de limpeza está relacionada ao câmbio. ?Muitos produtos têm em sua composição itens que são importados?, apontou. No ano, os artigos de limpeza acumulam queda de 1,43% – confirmando que a queda em julho não foi apenas pontual, mas que a redução é um comportamento ao longo dos primeiros sete meses do ano. Entre os itens que registraram maior queda de preço no período estão a água sanitária (-7%), o detergente (-2,29%) e o sabão em pó (-4,17%).

Os produtos de higiene acumulam no ano aumento de 1,31%, influenciado por artigos de maquiagem (com alta de 6,26%), absorvente higiênico (6,7%) e produtos para unhas (5,9%). A maior contribuição de recuo veio do sabonete, que ficou, em média, 1,63% mais barato.

Salário mínimo de R$ 1.436,74

Estudo divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) estima que o salário mínimo deveria ser de R$ 1.436,74, um valor 4,10 vezes superior ao mínimo vigente, de R$ 350. A projeção foi feita com base na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de julho, realizada pela instituição em 16 capitais do País e divulgada ontem.

Na última pesquisa do Dieese, divulgada em junho, o valor do salário mínimo necessário era de R$ 1.447,58, 4,14 vezes o piso.

Segundo a entidade, o valor de R$ 1.436,74 supre as necessidades com alimentação, moradia, transporte, vestuário, saúde, educação, higiene, lazer e previdência para a manutenção de uma família, de acordo com um preceito constitucional.

O levantamento do Dieese mostrou, devido à redução do valor da cesta básica, que houve nova redução na jornada de trabalho de quem ganha um salário mínimo, necessária para comprar os produtos alimentícios essenciais. O tempo de trabalho necessário para aquisição da cesta, na média das 16 capitais analisadas pelo instituto, ficou em 94 horas e 10 minutos, jornada inferior à apurada em junho, de 96 horas e 4 minutos, e às 113 horas e 49 minutos registradas em julho de 2005.

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