Preço da cesta básica cai pelo terceiro mês seguido

A cesta básica de Curitiba registrou queda de 4,04% em julho. É a terceira deflação mensal consecutiva, de acordo com a pesquisa divulgada ontem pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Pela primeira vez nesse ano, a variação acumulada da cesta ficou negativa: -2,05%. O recuo de 12,5% no preço dos alimentos básicos nos últimos três meses reverteu a alta de 11,9% registrada de janeiro a abril.

Com a retração no valor da cesta, o acumulado nos últimos doze meses – que chegou a 36,34% em abril – passou de 24,61% (até junho) para 15,50%. “É o primeiro mês que o acumulado ficou inferior à inflação”, destacou o economista Sandro Silva, do Dieese. De agosto de 2002 a junho de 2003, o INPC/IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) registrou 18,28%.

Apesar de apresentar a quinta maior queda percentual, a cesta de Curitiba foi a sexta mais cara do País. Custando R$ 149,06, voltou ao patamar de novembro do ano passado. As 16 capitais pesquisadas pelo Dieese apresentaram redução: a maior ocorreu em Aracaju (-9,95%) e a menor em Porto Alegre (-1,03%), que permaneceu com a cesta mais cara (R$ 166,23). A mais barata foi a de João Pessoa (R$ 131,64). Em Curitiba, o custo da alimentação básica para uma família de quatro pessoas foi de R$ 447,18, o equivalente a 1,86 salários mínimos.

O custo da cesta básica curitibana consumiu 62,11% do salário mínimo bruto, menos que no mês anterior (64,72%), representando custo diário de R$ 4,97 para um trabalhador que ganha um salário mínimo. Pelos cálculos do Dieese, o salário mínimo necessário seria de R$ 1.396,50. Este valor é calculado conforme disposto no artigo 7, capítulo IV da Constituição, que define o salário mínimo como capaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e às de sua família.

Produtos

Dos 13 itens da cesta curitibana, onze tiveram queda de preços e o leite ficou estável. “Alguns produtos foram influenciados pelo câmbio e cotação internacional, outros caíram em função da situação econômica e do clima”, comentou Silva, destacando que a queda na renda e o aumento do desemprego também contribuíram para a variação negativa da cesta.

O arroz apresentou a única alta (3,09%). Segundo Silva, a elevação foi provocada pela quebra de 10% na safra do Rio Grande do Sul, responsável por 60% da produção nacional, e pela desvalorização cambial, que retardou a importação e levou produtores a segurarem a venda, forçando a alta com a menor oferta. “Normalmente o arroz sobe 10 a 15% no segundo semestre (entressafra), mas no ano passado subiu quase 45%”, apontou. O arroz é o produto que mais subiu no ano (27,39%) e nos últimos doze meses (100,00%) em Curitiba. Para tentar baixar os preços, o governo estuda diminuir a TEC (Tarifa Externa Comum) para incentivar a importação e aumentar a concorrência.

As maiores quedas foram registradas na batata (-26,71%) e tomate (-15,75%), por causa do aumento da oferta com a entrada da safra. Segundo Silva, a tendência é que esses itens continuem com queda, se não houver geadas fortes. O açúcar caiu 4,58%, refletindo redução da cotação internacional e do câmbio. Também tiveram diminuição de preço: manteiga (-4,06%), pão (-3,20%), feijão (-2,55%), farinha de trigo (-0,96%), carne (-0,92%), óleo de soja (-0,74%), banana (-0,70%) e café (-0,68%). Para agosto, os técnicos do Dieese projetam uma deflação menor, deixando o índice próximo de zero.

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