Portugal faz apelo por investimentos brasileiros

Apesar de o Brasil ser mais pobre que Portugal, o governo do país europeu fez ontem, em São Paulo, um apelo para que empresas brasileiras façam investimentos em Portugal. Segundo dados do Banco Mundial, Portugal tem a 50.º maior renda per capita do mundo (US$ 10.950) enquanto o Brasil está em 91.º lugar. Para o presidente de Portugal, Jorge Sampaio, no entanto, seu país pode proporcionar “condições vantajosas de investimento às empresas e grupos brasileiros que começam a sentir a necessidade de internacionalização”.

Sampaio participou do “2.º Congresso Empresarial Brasil-Portugal” em São Paulo. Hoje, os investimentos brasileiros em Portugal estão concentrados nos setores de construção, transporte, siderurgia e bancário.

Para os portugueses, embora os dois países estejam vivendo dificuldades econômicas, há condições favoráveis para investimentos.

O ministro portugues da Economia, Carlos Tavares, afirmou que as afinidades entre os dois países podem contribuir para a entrada de produtos brasileiros na União Européia e finalizou seu discurso dizendo que “é tempo de passarmos das palavras aos atos”.

Embora reconheça que o Brasil não precisa só de Portugal para entrar no mercado europeu e que há dificuldades econômicas em ambos os países, Tavares afirmou que as afinidades culturais e incentivos à entrada de empresas brasileiras no país podem ajudar. O ministro não detalhou quais incentivos poderiam ser concedidos.

Prova de que Portugal quer e precisa de mais investimentos são os dados que mostram uma queda do investimento português no Brasil. Segundo dados do Icep Portugal (instituto que promove o comércio exterior do país), o investimento português no Brasil chegou a US$ 1 bilhão em 2002, mas, neste ano, não deve chegar nem à metade.

Hoje, há cerca de 300 empresas portuguesas no Brasil. Pelo menos US$ 12 bilhões foram investidos no País desde 1996. Portugal é um dos cinco países que mais investem no Brasil, especialmente no setor de telecomunicações, hotelaria e saneamento.

Porta de entrada

O vice-presidente brasileiro, José Alencar, que participou da abertura do congresso, disse que o estreitamento das relações com Portugal pode permitir às empresas brasileiras uma porta de entrada para a União Européia.

“Queremos o estreitamento das relações com Portugal, que é a porta de entrada para o mercado europeu, com 400 milhões de habitantes de alta renda per capita”, afirmou.

A declaração de Alencar gerou certo desconforto nas autoridades portuguesas. Sampaio rebateu a frase dizendo que “Portugal precisa ser visto não só como uma porta”, mas um país onde é possível produzir.

Durante encontro fechado após a abertura do congresso, Sampaio e Alencar discutiram as relações econômicas bilaterais. O presidente também negou que houve um mal-entendido, pois a intenção dos dois é estreitar o relacionamento facilitando a entrada de produtos brasileiros na União Européia e a dos portugueses no Mercosul.

Piadas

As piadas de portugueses não ficaram de fora do congresso. Durante seu discurso, Alencar não deixou de contar a sua.

O vice-presidente recebeu a visita de um casal de portugueses dono de indústrias. “A senhora comentava: será que não coincide com a novela tal que estamos assistindo em Portugal? Mas não coincidia, pois já havia passado”.

“Mais um pouco conversava-se sobre a novela e eu arrisquei uma pergunta. Mas a senhora compreende bem os diálogos e seu marido respondeu: olha é quase a mesma língua.”

O presidente português também não deixou de fazer seus comentários ao dizer que o Parlamento português esvaziava quando começava a passar a novela “Gabriela”. “Quando se olhava só o presidente estava falando e todos foram ver a novela.”

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