Planos de previdência privada cresceram 74%

A receita dos planos abertos de previdência privada somou R$ 4,183 bilhões no primeiro quadrimestre de 2003, significando crescimento de 74,33% em relação a igual período do ano passado. Em 2002, o faturamento dos planos previdenciários foi de R$ 9,797 bilhões, 32,53% mais que em 2001, conforme dados da Anapp (Associação Nacional da Previdência Privada). Para 2003, o setor projeta um resultado melhor. “A expectativa é terminar o ano com crescimento acima de 35%”, revela Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Vida e Previdência e vice-presidente da Anapp. Ele participou ontem, em Curitiba, de encontro empresarial sobre o tema.

A Bradesco Vida e Previdência, maior empresa brasileira do setor de previdência complementar, comercializou mais de R$ 1,56 bilhão em planos nos primeiros quatro meses desse ano, o que representa aumento de 77% sobre os mesmos meses de 2002. No Paraná, o incremento foi superior: a receita de R$ 34,5 milhões foi 96% maior que em 2002. Só a região de Curitiba cresceu 139%, com receitas de R$ 17, 7milhões. Rossi atribui a expansão acima da média nacional ao nível cultural da população paranaense e à grande penetração do Bradesco no Estado.

Dos mais de 5 milhões de participantes do mercado de previdência aberta no Brasil, cerca de 1,25 milhão são da empresa. A carteira de investimentos da Bradesco apresentou volume total de R$ 18,76 bilhões em 2003, 41% superior ao ano passado, perfazendo 51% do total do mercado brasileiro.

Na avaliação de Rossi, dois fatores explicam o resultado positivo do segmento de previdência privada. O primeiro é a reforma da Previdência. “Com a presença diária do assunto na mídia, há um avanço excepcional no nível de conscientização das pessoas da necessidade de ter um plano de previdência”, constata. De quatro anos para cá, a média de idade das pessoas que procuram um plano de previdência caiu de 50 para 40 anos. O segundo fator que impulsiona o segmento, segundo ele, é o lançamento de um novo produto, o VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres), criado em março do ano passado.

Enquanto o PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) é destinado às pessoas que declaram Imposto de Renda no modelo completo, o VGBL é direcionado para profissionais autônomos, pessoas que atuam na economia informal ou que pretendem aplicar mais que 12% dos ganhos em plano de previdência complementar. Até o final do ano, devem ser lançados produtos com rentabilidade garantida, atrelados a um índice de inflação, por exemplo.

Reforma

Para o presidente da Bradesco Vida e Previdência, o projeto de reforma previdenciária do governo federal deve ser visto sob dois ângulos. O aspecto negativo é que o aumento do teto de R$ 1.860 para R$ 2,4 mil reduzirá o poder de poupança, já que a contribuição de 11% redundará em uma pequena margem a mais para a previdência oficial. “Mas temos um ganho. Com o fundo de pensão que será colocado, temos a possibilidade de comercializar planos de previdência aberta para funcionários públicos, que até agora não podemos”.

Rossi considera o modelo de previdência de três pilares o mais adequado ao Brasil: o governo retém um valor básico, os fundos de pensão ficam com os complementos oferecidos pelas empresas e os planos de previdência complementar com a poupança individual. “Acredito que essa reforma vai passar com o teto de R$ 2,4 mil, mas os cálculos mostram que esse valor só será recebido em 2025”, comenta.

O presidente da Bradesco Vida e Previdência defende que a reforma da previdência seja um processo contínuo. “O modelo da repartição oficial, em que muitos pagam e poucos recebem, é extremamente vulnerável”, aponta, salientando que dos 70 milhões de brasileiros economicamente ativos, apenas 20 milhões contribuem com o INSS. No Brasil, as reservas para Previdência representam 15% do PIB, enquanto no Chile o índice é de 45%, nos EUA 67% e na Holanda chega a 118%.

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