Plano real aumentou faturamentos

A melhora da gestão empresarial e o ambiente mais competitivo fez com que o faturamento das empresas apresentasse crescimento de 46,6% entre 1994 e 2003, segundo pesquisa da Serasa – empresa especializada em análise de crédito. A maior expansão foi registrada na indústria e no comércio, com aumento de 68,4% e 60,2%, respectivamente. O setor de serviços registrou variação de 15,6% no período. O estudo foi baseado em demonstrativos contábeis de 3 mil das maiores empresas brasileiras de capital aberto e fechado.

O aumento do faturamento foi possível devido a uma série de fatores, entre eles a melhor estrutura dos custos, processo de qualidade mais rigoroso, padronização das operações entre fornecedores e clientes, maior controle do estoque e melhora no processo de logística. Essas melhorias permitiram às empresas trabalhar com uma melhor gestão financeira.

Segundo a Serasa, essas melhorias foram responsáveis pela maior capacidade de pagamento das empresas devido a uma elevação da geração de caixa. O prazo médio do pagamento de dívidas caiu de 7,5 anos em 2002 para 5,4 anos em 2003.

Ciclos

Segundo a Serasa, nos dez anos do plano real as empresas passaram por três ciclos. O primeiro, que vai de 1994 a 1996, foi caracterizado pelo aumento do faturamento, conseqüência da elevação do número de pessoas no mercado consumidor e pela globalização, que forçou as empresas a se tornarem mais competitivas.

Nesse período, as empresas da indústria e comércio tiveram um melhor desempenho. O setor de serviços só foi beneficiado, segundo o estudo, a partir de 1996, com o reajuste das tarifas públicas. Entre 1994 e 1996, as vendas dos três setores cresceram 12%. Apesar do maior faturamento, as empresas enfrentaram uma diminuição da margem de lucro, “causada pela redução da inflação e pelo aumento da concorrência”.

Já o período que vai de 1997 a 1999 foi marcado pelas crises financeiras (sudeste asiático e moratória da Rússia), que forçaram o governo a elevar as taxas de juros.

Apesar do cenário negativo, as vendas das empresas cresceram 12,3% no período, puxadas pela indústria, que foi beneficiada pela mudança cambial a partir de janeiro de 1999 – a mudança favoreceu as exportações e a substituição das importações. O setor de serviços foi favorecido também pelo reajuste das tarifas. Nesse período, o setor de comércio saiu prejudicado, por conta da elevação das taxas de juros e da redução dos prazos de financiamento.

O aumento dos juros reduziu o lucro das empresas nesse segundo período. Além das altas taxas, as empresas se viram forçadas a realizar novos investimentos, em especial nas recém-privatizadas, o que aumentou o nível de endividamento.

Retomada

Em 2000, o processo de recuperação econômica iniciado no segundo semestre do ano anterior contribuiu para a elevação do faturamento, da geração de caixa e do retorno aos lucros elevados, segundo a Serasa. O ano também foi marcado pela interrupção do crescimento da taxa de endividamento.

O terceiro e último ciclo (2001 a 2003) foi caracterizado pela menor taxa de crescimento das vendas em relação aos outros dois ciclos, apenas 7,4%, e pela perda de poder aquisitivo da população, reflexo do alto índice de desemprego.

O desempenho inferior nesse ciclo foi causado pelo racionamento de energia, pela crise financeira da Argentina e pela elevação da taxa de câmbio, além da desaceleração da economia mundial. Esses fatores atingiram com mais força os setores do comércio e de serviços. Já a indústria foi beneficiada pela substituição das importações e pela ampliação das vendas externas.

Nesse ciclo, 2002 foi o pior ano para as empresas, com menor capacidade de geração de caixa e pela elevação das dívidas, o que causou prejuízo. No ano passado, esse quadro foi revertido, puxado pelo desempenho da indústria, pela redução da taxa de câmbio e pela elevação do preço das commodities no mercado internacional. Segundo a Serasa, foi o maior lucro obtido nos dez anos do plano real.

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