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Piora em NY, realização e blue chips atingem Ibovespa

Após iniciar o dia em alta, o Ibovespa passou a operar no campo negativo, puxado sobretudo por Petrobras e Vale, além da piora das principais bolsas de Nova York. Apesar disso, o índice ainda mantém pontuação na faixa dos 107 mil pontos.

Depois de ceder aquém de R$ 4,00, a moeda norte-americana ante o real volta a ficar acima desse valor. Os juros futuros seguem em baixa desde a abertura. Em Nova York, os sinais dos índices acionários futuros estão mistos.

A despeito do recuo, o quadro continua positivo na cena doméstica, lembrando que o Ibovespa caiu por dois dias seguidos, atingindo níveis recordes. Ontem subiu 0,15%, aos 107.543,59 pontos, em nova marca inédita, e analistas já esperavam uma realização.

O governo continua comemorando a aprovação da reforma da Previdência, seguindo na esperança de avançar mais na agenda reformista, mas sugerindo cautela.

Pouco antes do fechamento deste texto, o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos Da Costa, afirmou que está confiante no Congresso em relação à reforma tributária e que ela “virá em breve”. “É melhor esperar um pouco e ter uma reforma tributária mais sólida”, disse.

Além do recuo das ações de Vale ON (-0,47%) e da estatal tanto ON (-0,92%) quanto PN (-0,55%), os papéis da CSN reagem em baixa diante do resultado do terceiro trimestre aquém do esperado, cedendo 5,21%. A empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 871 milhões no período, contrariando as expectativas.

Após a conclusão da reforma da Previdência, que garante uma economia fiscal total estimada pelo governo em R$ 1,070 trilhão em dez anos, “a grande expectativa é pelos balanços aqui e lá fora”, cita Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM.

Depois da valorização expressiva nos últimos dias, os ativos tendem a uma acomodação, à espera de novas indicações sobre os próximos passos da agenda econômica, diz em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada. De todo modo, completa, a melhora de humor se mostra consistente, favorecida também pela menor aversão global ao risco.

Lá fora, os investidores acompanham a temporada de balanços e as decisões de política monetária. Conforme Silvio Campos Neto, embora os resultados das empresas estejam mistos, há o predomínio de ganhos acima do esperado, o que alivia parte das tensões com a perda de ritmo econômico.

De acordo com o Bradesco, nesse contexto de incertezas, com menor crescimento global e inflação controlada, diversos bancos centrais têm mantido sua postura acomodatícia.

Hoje foi a vez do Banco Central Europeu (BCE), que manteve, como o esperado, sua política monetária, após a última reunião sob o comando do italiano Mario Draghi, que será sucedido na presidência da instituição por Christine Lagarde em 1º de novembro. Também confirmou que retomará seu programa de relaxamento quantitativo (QE, pela sigla em inglês), através do qual comprará, mensalmente, 20 bilhões de euros em ativos a partir de 1º novembro.

Hoje, também o banco central turco e indonésio reduziram suas taxas, de 16,50% para 14,00%, e de 5,25% para 5,00%, respectivamente. Ontem, o BC chileno diminuiu o juro em 0,25 ponto porcentual, para 1,75% ao ano.

Quanto aos balanços da Vale e da Petrobras, as estimativas de analistas ouvidos pelo Broadcast são positivas, após os relatórios de produção das duas companhias. No caso da mineradora, a projeção é de lucro líquido de US$ 2,2 bilhões no terceiro trimestre do ano, o que representaria alta de 65% ante igual período de 2018. Em relação ao desempenho da estatal, a atenção vai recair sobretudo à dívida líquida/Ebitda, que já deve demonstrar melhora com a política de venda de ativos, conforme especialistas.

Monteiro, da Renascença, acrescenta que o investidor ainda deve acompanhar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. Ainda que o assunto não tenha força para afetar diretamente o mercado doméstico hoje, ele avalia que a depender da decisão, o debate jurídico pode atrapalhar a imagem do Brasil pelos investidores externos, que já estão cautelosos em relação ao País.

Após a leitura de quatro votos, a expectativa é em torno do entendimento da ministra Rosa Weber, que deve sinalizar o rumo das discussões. Próxima a votar, Rosa já se posicionou contra a execução provisória, mas tem seguido a atual jurisprudência do Supremo, que admite a medida, considerada uma das bandeiras da Lava Jato.

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