Petróleo fecha a US$ 49,90 após recorde histórico

O barril do petróleo cru para entrega em novembro negociado na Bolsa Mercantil de Nova York fechou ontem cotado a US$ 49,90, o que representa alta de 0,52% e um valor recorde para o fechamento. Durante o dia, porém, o barril chegou a ser cotado a US$ 50,47, maior preço desde que o petróleo cru passou a ser negociado em Nova York, em 1983.

A situação política da Nigéria é o novo foco das preocupações dos investidores. Rebeldes nigerianos alertaram as empresas petrolíferas da região do delta do rio Níger para fecharem suas instalações antes de declararem guerra ao governo do país, em 1.º de outubro.

As empresas da região -que respondem pelos 2,3 milhões de barris da produção diária do país -, no entanto, ignoraram o alerta. A Royal Dutch/Shell, por exemplo, afirmou que não há razão para interromper as operações, mas já reduziu sua produção em cerca de 30 mil barris por motivos de segurança. A italiana Agip também anunciou que não pretende interromper sua produção.

Além disso, a situação da petrolífera Yukos continua a preocupar. A empresa suspendeu o fornecimento à China alegando não ter como custear o transporte do produto. Alguns dos ativos da Yukos podem inclusive ir a leilão para saldar a dívida de mais de US$ 7 bilhões em impostos referentes a 2000 e 2001.

A interrupção da produção nas refinarias do golfo do México afetaram os estoques de petróleo dos EUA, que caíram aos níveis mais baixos dos últimos 29 anos. Algumas das refinarias pediram ao Departamento de Energia dos EUA que liberasse uma parcela das reservas estratégicas para evitar escassez de petróleo no país.

Casa Branca

A Casa Branca atribuiu os preços recordes do petróleo à situação de insegurança no Iraque e na Nigéria, aos furacões que passaram pelos EUA e à oposição democrata.

“A economia está avançando e crescendo e certamente devemos seguir de perto situações que possam criar um vento contra o avanço econômico, como o aumento do preço do petróleo”, disse o porta-voz da Casa Branca Scott McLellan.

Presidente da Petrobrás se diz mal-interpretado

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, disse ontem que foi mal-interpretado na declaração feita na semana passada sobre os prazos para avaliação do preço do petróleo. Ele disse que dentro de dez dias já estaria consolidado o novo patamar do petróleo no mercado internacional, o que permitiria à Petrobras tomar uma decisão sobre o preço da gasolina.

O prazo de dez dias coincidia com o término do primeiro turno das eleições municipais. Dutra, entretanto, reclamou sobre a vinculação dos dois prazos e disse que a decisão não será política. “O que disse foi que teríamos elementos para formar uma convicção em termos de preços”, disse Dutra.

O presidente da Petrobras voltou a afirmar que o preço do petróleo no mercado interno não reflete automaticamente a volatilidade do mercado internacional.

Sobre as projeções de preços feitas por analistas, Dutra afirmou que “tem números para todos os gostos”. “Tem gente que diz que há defasagem de 10% e de 30%. Parece a história do político mineiro que foi há 50 anos visitar a China e voltou dizendo que a população estava entre 500 milhões e um bilhão”, afirmou Dutra.

O presidente da estatal destacou também a mudança na situação da segurança na Nigéria desde a semana passada. Os rebeldes nigerianos ameaçaram declarar “guerra total” no país no dia 1.º de outubro e alertaram as empresas petrolíferas no país para interromperem sua produção.

“O mundo todo está preocupado com o aumento do preço do petróleo e eu, como habitante do mundo, também estou preocupado, mas não há nenhuma novidade”, disse.

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