Para S&P, indicadores externos ainda são fortes no Brasil

A diretora-gerente de ratings soberanos da Standard & Poor’s (S&P), Lisa Schineller, afirmou que os indicadores externos do Brasil ainda são fortes, apesar de alguns “deslizes”. Ela lembrou que o País tem cerca de US$ 370 bilhões em reservas internacionais e que a dívida externa do governo central é de aproximadamente US$ 40 bilhões, mas considerando outras esferas do governo e também o setor privado, esse volume sobe para quase US$ 500 bilhões.

“Nós olhamos para a economia como um todo, porque as reservas não são um ativo do governo, mas da economia em geral. A posição externa do Brasil ainda é forte – apesar de alguns deslizes – mas o País não é credor externo”, comentou.

China

A S&P avalia que a desaceleração econômica da China tem impacto sobre o Brasil, mas que o principal problema é que isso ocorre em um momento em que a economia brasileira já está sendo afetada por uma série de questões domésticas.

Lisa lembrou que o Brasil e outros mercados emergentes receberam um forte impulso da China nos anos 2000, mas que no caso brasileiro isso não se traduziu em reformas estruturais. “Não houve um avanço significativo desde 2004, 2005. O Brasil dependeu muito mais do ambiente externo e as políticas domésticas retrocederam, afetando o sentimento”, comentou.

Ela afirmou que, enquanto a mudança no modelo econômico da China pesa nos preços das commodities, o início da normalização monetária nos EUA pelo Federal Reserve pode trazer volatilidade para os emergentes no curto prazo. Mesmo assim, Lisa apontou que as políticas domésticas serão muito mais decisivas para o rating brasileiro do que esses fatores externos.

Para Lisa, os problemas da Petrobras, afetada pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, também têm impactado a dinâmica de crescimento do Brasil, além de essa situação tornar mais difíceis as negociações do governo com o Congresso.

“As investigações de corrupção afetam o rating à medida que pesam no crescimento. Além disso, elas colaboram para uma dinâmica política mais fluida. Isso deixa as negociações com o Congresso mais incertas”, comentou.

Voltar ao topo