Palocci diz que é cedo para retomar crescimento

Descrito pela prestigiada revista norte-americana Newsweek como o “pão-duro” que toma conta dos cofres do Brasil, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, afirmou, em entrevista à publicação, que ainda é cedo para o País voltar a crescer. “Preferia cortar juros e distribuir dinheiro aos programas sociais. Mas em economia não podemos simplesmente promover o crescimento”, diz ele, frisando, porém, que a inflação está caindo, o dólar, recuando, e o crédito já voltou. “Tudo é positivo.” A entrevista já está disponível no site da publicação.

O ministro explica também que sua política econômica conservadora teve como objetivo colocar o País novamente nos trilhos. “Lançamos mão de severos ajustes, e funcionou”, diz ele. Para a revista, a austeridade com que Palocci administra a economia do País é uma virtude, pois “freqüentemente, ser ministro da Economia na América Latina significava apenas encontrar dinheiro para sustentar o governo central”.

Confiança

A Newsweek lembra que uma das primeiras medidas de Palocci foi a recuperação da confiança dos investidores estrangeiros por meio do aumento do superávit primário de 3,75% para 4,25% do PIB.

Embora tenha provocado uma onda de reclamações ?inclusive do vice-presidente José Alencar, diz a revista ? a cautela do ministro é vista com bons olhos em Wall Street. “Em grande parte graças à parcimônia de Palocci, dizem especialistas, a economia do Brasil está melhor hoje do que quando Lula assumiu o governo”, segundo a Newsweek.

Palocci rebate as críticas dizendo que o presidente Lula sabia que as medidas não eram populares. “Poderíamos ter deixado a inflação crescer e provocar um surto de crescimento ? mas isso causaria uma explosão de preços e dúvidas sobre a nossa capacidade de honrar nossas dívidas”, resume. “Uma vez que o Brasil se mantenha estável, poderemos nos preparar para o crescimento.”

“Bom humor”

A revista também traz um perfil detalhado do ministro. “Antônio Palocci desaponta como vilão”, comenta a Newsweek na reportagem, que está disponível em seu site. “Ele é grande e barbudo, mas seu sorriso destoa do porte grandalhão.”

A revista afirma ainda que seu jeito afável e sociável o ajudou a conquistar a simpatia do Congresso brasileiro e também o presidente George W. Bush, com quem se encontrou na semana passada.

“Como prefeito de Ribeirão Preto nos anos 90, o outrora admirador de Trotski surpreendeu ao se tornar um capitalista inovador, vendendo a companhia telefônica municipal e a empresa de saneamento básico quando a privatização ainda era tabu no Brasil”, diz ainda.

Genoino pensa diferente

Na contramão das declarações do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, publicadas na última edição da revista norte-americana Newsweek, o presidente do PT, José Genoino, afirmou ontem que o momento do País é de crescimento econômico. “É desse jeito que vamos incrementar o crescimento para gerar emprego. Nossa meta terá de ser essa agora: enfrentar a questão do desemprego com crescimento econômico”, disse Genoino, respondendo ao site do PT (www.pt.org.br) uma pergunta sobre o provável anúncio que o governo fará nesta semana de cortar pela metade a taxa de juros da Caixa Econômica Federal para clientes de baixa renda.

À revista norte-americana, Palocci afirmou que “em economia, não se pode simplesmente promover o crescimento”.

Genoino disse também que é preciso acabar com a “disputa ideológica” sobre a taxa de juros, e que o índice Selic “cairá no momento certo”. Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) fixou a taxa em 26% ao ano.

Sobre o encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com George W. Bush, na última sexta-feira, Genoino disse que a reunião foi “altamente positiva, que Lula negocia com os Estados Unidos em pé de igualdade e se credencia como o interlocutor da América do Sul”.

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