Número de hotéis é suficiente para oito anos

O crescente número de investimentos no setor hoteleiro de Curitiba, com a abertura de novos empreendimentos a cada três ou quatro meses, está agradando os consumidores por um lado – uma vez que aumentou o leque de opções e as tarifas estão mais baixas por conta da concorrência – e preocupando o setor por outro. ?Estamos passando por uma situação delicada?, admitiu o diretor administrativo da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira no Paraná (Abih-PR), Cláudio Antunes. Segundo ele, Curitiba conta com muito mais hotéis do que a cidade é capaz de comportar. ?Se não for construído nenhum hotel a partir de hoje, ainda assim haverá número de leitos suficientes para os próximos seis a oito anos?, afirmou.

Conforme estimativa da Abih-PR, Curitiba conta com aproximadamente 16 mil leitos. A taxa de ocupação tem sido, segundo Antunes, de 45% em média – uma das mais baixas nos últimos tempos. ?Com esta ocupação, os hotéis estão conseguindo equilibrar as contas, apenas?, comentou Antunes.

A baixa taxa de ocupação, aliada a despesas fixas – como folhas de pagamento, impostos, entre outros – está deixando muitos empreendedores com problemas financeiros. ?Pelo menos 80% dos hotéis de Curitiba estão passando por dificuldades financeiras?, apontou Antunes. Para ele, a crise no setor ?pode, aparentemente, beneficiar o consumidor?. ?Mas, em curto prazo, os hotéis estarão em dificuldade para refazer o enxoval (roupa de cama), os móveis, fazer a manutenção?, ponderou.

Antunes lembrou que o mesmo fenômeno aconteceu em São Paulo, e o resultado foram hotéis de grande porte fechados. Em Curitiba, o diretor administrativo não soube informar o número de empreendimentos fechados por conta da crise no setor. Sem citar nomes, afirmou apenas que um hotel na Rua Dr. Pedrosa, no Centro, está pronto, mas não consegue iniciar as atividades há um ano. Na Avenida Silva Jardim, acrescentou, um flat está com a placa indicando férias coletivas há cerca de seis meses.

Estudo de viabilidade

Uma das bandeiras defendidas pela Abih, no sentido de controlar o número de novos hotéis que abrem em Curitiba – só para este ano estão previstos pelo menos três ou quatro novos empreendimentos, segundo Cláudio Antunes -, é a realização de um estudo de viabilidade. ?A idéia não é proibir a instalação de novos hotéis, mas fazer um estudo que comprove a sua viabilidade, assim como hoje existe com os postos de gasolina, que não podem ser construídos um ao lado do outro?, explicou. ?Senão, daqui a pouco um estará prejudicando o outro. Nosso objetivo é oferecer sempre bons serviços.?

Para driblar a crise, Antunes sugere o incremento do turismo, tanto de eventos como de negócios. ?Curitiba é uma grande cidade. Os órgãos do governo, como secretarias estadual e municipal, o Curitiba Convention Bureau e outras entidades devem trabalhar no sentido de incrementar mais o turismo de eventos, de negócios, profissionalizante?, apontou. 

Novos investimentos não param

No que depender dos grandes grupos hoteleiros, os investimentos em Curitiba devem continuar crescendo por um bom tempo. Na última quinta-feira, foi apresentado ao mercado o Quality Hotel Curitiba, no bairro Batel. Para o gerente de marketing e vendas do Quality Hotel e Four Points by Sheraton – ambos administrados pela Atlantica Hotels International -, César Nunes, a oferta de leitos em Curitiba é maior do que a demanda, mas nem por isso a cidade deixa de ser um mercado importante. ?A hotelaria caminha para o seguinte sentido: ou os hotéis antigos se reformulam ou estarão fora do mercado?, apontou.

Segundo ele, sistemas de segurança, por exemplo, estão sendo cada vez mais valorizados, especialmente por executivos de multinacionais. A taxa média de ocupação no Quality prevista para este ano é de 50% a 55%. Até o final do ano, o grupo pretende abrir outra unidade – da bandeira Comfort – na capital. O investimento previsto é de aproximadamente R$ 8 milhões.

O Crowne Plaza Curitiba, inaugurado no final do ano passado, é outro exemplo de empreendimento que exigiu grandes investimentos: cerca de R$ 20 milhões. Para o gerente geral do Crowne Plaza, Gilles Grimberg, Curitiba já não comporta mais novos leitos no setor hoteleiro. ?Em 99, com o boom das montadoras, cresceu muito a demanda de ocupação e isso chamou a atenção dos investidores. Mas com todo mundo construindo, a oferta ficou muito maior do que a demanda?, apontou.

Segundo ele, apenas entre 2004 e 2005 estão sendo abertos 13 novos hotéis em Curitiba, que exigiram investimentos de quase R$ 100 milhões. ?Isso significa quase 3 mil leitos a mais?, apontou. Com tantas opções, a ferramenta humana (serviços) tem sido o principal diferencial, afirmou. O Grupo Intercontinental, administradora do Crowne Plaza, não tem novos empreendimentos previstos para Curitiba em curto prazo. (LS)

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