Normas para tarifas podem elevar juros

O conjunto de normas para as tarifas bancárias anunciado pelo governo na semana passada pode implicar no aumento de juros em várias linhas de crédito. A opinião é do presidente do HSBC no Brasil, Emílson Alonso, que esteve reunido ontem com a imprensa local em Curitiba. ?Todo mundo vai pagar esta conta. Não há lanche grátis?, afirmou Alonso. No caso do banco inglês, a estimativa é que as novas normas – entre elas o fim da cobrança de alguns serviços – reduzam em aproximadamente 10% a rentabilidade que a instituição mantém sobre as tarifas, que representam hoje um terço da receita total do banco. ?De algum lugar, esses recursos vão ter que sair.?

Para o presidente do HSBC, todos os bancos devem registrar queda na rentabilidade por conta das novas normas. ?Os bancos vão ter que aumentar a eficiência, vender mais cartões, mais financiamentos. Vai aumentar a concorrência, mas são as regras do jogo?, comentou, acrescentando que, por outro lado, as novas regras vão trazer maior transparência ao consumidor. Alonso reconheceu que as tarifas bancárias são elevadas, mas lembrou que, em contrapartida, o setor faz investimentos pesados em tecnologia e automação.

O HSBC deve encerrar 2007 com crescimento de 20% sobre o ano passado, puxado sobretudo pelo setor de crédito – o consignado, segundo Alonso, deve crescer 40%, o financiamento de automóveis, 35% e o cartão de crédito, 30%. Com esses resultados, o HSBC do Brasil deve fechar 2007 com participação de 3% no lucro do grupo em nível mundial – resultado bem superior a 2006, quando a participação foi de 1,9%. Para daqui a cinco anos, Alonso acredita que a participação do Brasil possa chegar a 5%.

Protesto

Um grupo de sindicalistas promoveu uma manifestação criativa ontem pela manhã em frente à sede do banco HSBC, na Rua XV de Novembro, no centro de Curitiba. Usando gorros de Papai Noel e cantando versões de músicas natalinas, eles satirizaram as apresentações do coral do Palácio Avenida, promovidas pelo banco. Essa foi a forma encontrada para denunciar uma série de demissões de funcionários ocorridas ao longo de 2007.

De acordo com o funcionário do HSBC e dirigente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Marco Aurélio Cruz, neste ano que o banco completa 10 anos de atividades no Brasil, foram demitidos entre 1,5 mil e 2 mil trabalhadores da instituição. Só na semana passada foram 85 trabalhadores, dos quais 14 no Paraná.

Questionado sobre o protesto na porta da instituição, o presidente do HSBC, Emílson Alonso, afirmou que manifestações em período de campanha salarial são aceitáveis – o que não é o caso. Ele lembrou que o banco tem feito demissões, mas também tem contratado, e os clientes são os maiores prejudicados com protestos como o de ontem. 

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