Minério responde por mais de 70% do IGP-DI de maio

O impacto do reajuste no preço do minério de ferro puxou para cima a inflação no atacado em maio, e elevou a taxa do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) no mesmo mês, segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros. O IGP-DI subiu de 0,72% em abril para 1,57% em maio. “Mais de 70% do índice foi originado do minério de ferro”, afirmou. Segundo Quadros, a elevação de 75,19% no preço do produto em maio representou 1,90 ponto porcentual do aumento de 2,06% na inflação atacadista no mês passado – sendo que o atacado representa 60% do IGP-DI. “O minério representou mais de 90% da inflação do atacado em maio”, afirmou.

Mas ele fez uma ressalva. Na avaliação do especialista, a influência do minério de ferro pode ter sido muito elevada, mas um impacto expressivo como o que ocorreu em maio não deve se repetir. Quadros lembrou que, no mês de maio, por práticas contratuais efetuadas até o mês passado, o reajuste do minério de ferro ocorria uma vez por ano. Isso fez com que a influência do preço do minério na inflação fosse menos suave, e mais visível do que outros produtos. “Não me lembro de nenhum outro produto no atacado que tenha tido um tipo de reajuste tão específico no tempo. Foi como se a elevação de preços que deveria ocorrer ao longo de 12 meses, tivesse ocorrido em um, dois meses”, observou.

Além disso, o analista observou que houve a partir de abril deste ano a atualização de ponderações entre os produtos pesquisados para cálculo da inflação atacadista, onde o peso do minério de ferro saltou de em torno de 1,2% para 2,53%. Ou seja: a atualização de ponderação coincidiu com a época do reajuste no preço do minério. “As razões para esta elevação não representam uma explosão inflacionária no atacado”, concluiu.

Quadros comentou ainda que, no IGP-DI de maio, ocorreu “o auge” do impacto do reajuste do minério na inflação mensurada por Índices Gerais de Preços (IGPs). De acordo com ele, embora o produto possa mostrar novas taxas de elevação nas próximas apurações dos índices, estas não serão tão elevadas quanto a registrada em maio. “Não creio que teremos uma nova elevação como esta, próxima a 70%”, afirmou.

A elevação no preço do minério de ferro ainda não provocou um repasse expressivo de aumento de preços dentro da cadeia industrial. Segundo Quadros, os preços de materiais para manufatura estão com inflação mais intensa, mas de forma relativamente gradual, saltando de 1,05% para 1,29% em sua taxa de variação de preços, de abril para maio. “Os sinais de que os custos estão subindo estão aí. Mas o setor industrial parece estar conseguindo administrar este aumento nos custos sem repassar integralmente para os preços dos bens finais”, observou.

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