Mercado prevê queda de 0,5 ponto da taxa Selic

A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, deve cair 0,5 ponto percentual amanhã e mais 0,5 ponto em fevereiro, segundo previsões de analistas de mercado que constam de relatório semanal produzido pelo Banco Central. O Copom (Comitê de Política Monetária, do BC) se reúne hoje e amanhã para decidir possíveis alterações na Selic, que hoje está em 16,5% ao ano. A expectativa da maioria dos economistas é de uma queda para 16% ao ano amanhã e para 15,5% ao ano em fevereiro.

Até mesmo as cinco instituições financeiras que mais acertam as previsões revisaram suas projeções de que os juros poderiam cair mais de 0,5 ponto amanhã. Esses bancos previam juro de 15,72% ao final de janeiro – ou seja, queda de 0,75 ponto – mas agora esperam uma taxa de 15,84%.

Se confirmado, o corte de 0,5 ponto estará de acordo com a última ata do Copom, divulgada pelo BC em dezembro e que sinalizava quedas mais lentas dos juros daqui em diante.

Para o final do ano, entretanto, os analistas estão mais otimistas. De acordo com a pesquisa do BC, as instituições financeiras esperam juros de 13,5% em dezembro. A previsão divulgada na semana passada era de 13,85%.

Inflação

Por conta dos últimos resultados da inflação, que mostraram pequenas altas em dezembro e janeiro, os analistas revisaram a previsão do IPCA (principal índice do País) deste mês de 0,60% para 0,65%. Já o IPCA de fevereiro foi elevado de 0,50% para 0,55%.

O mercado considera, entretanto, que a alta da inflação é temporária. Para o ano, a previsão é de que o IPCA atinja 5,99%, contra 6% da semana passada.

Outras previsões que constam do relatório mostram que a economia brasileira deve crescer 3,60% em 2004 e 3,80% em 2005 e que o superávit comercial deve alcançar US$ 20 bilhões neste ano e US$ 18,80 bilhões no próximo.

Centrais esperam por “decisão ousada”

São Paulo

(AE) – As duas maiores centrais sindicais do País, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, esperam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduza em pelo menos 1,5 ponto percentual a Selic em sua reunião nos próximos dois dias, a ser iniciada hoje.

“Se o governo quiser fazer de 2004 o ano do crescimento e da geração de emprego, tem que começar sinalizando novas quedas da Selic, entre 1,5 e 2 pontos percentuais”, avalia o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. “Senão, a reunião ministerial do presidente Lula, no início do mês, em que ele pediu mais ênfase em políticas ministeriais para geração de empregos e de crescimento econômico, não passará apenas de um mero discurso”, desafia.

O presidente da CUT, Luiz Marinho, sugere ao Copom redução de 1,5 ponto percentual para que “não se perca a continuidade de reação da economia neste ano”, ao mesmo tempo que cobra dos empresários que assumam “suas responsabilidades” e esqueçam suas pretensões de reajustar preços.

“Não é possível que o empresariado tente potencializar seus resultados nas unidades. Tem que pensar no ganho de escala que pode ser alcançado com o aumento do consumo e, principalmente, na redução dos custos financeiros que terão com a queda da Selic”, argumenta. “O importante é que a queda dos juros vai ajudar a agregar resultado no conjunto da economia e não pode ser freada pelo desejo de os empresários reajustarem preços”, adiciona.

Paulinho, da Força, é mais incisivo em sua crítica. “Os empresários seguem com a velha mania de querer ganhar muito vendendo pouco”, acusa.

Os dois líderes sindicais são unânimes em garantir que um novo corte da Selic não resultará em risco inflacionário, mesmo que a medida resulte, dentro de algum tempo, em impulso de consumo. “De uma forma geral, o controle da inflação está praticamente seguro. Não vejo como esse corte provocaria inflação futura”, sustenta Paulinho. “É preciso que fique muito claro que o governo pode trabalhar com outras medidas para conter a inflação que não apenas aumentando os juros. Foi o que aconteceu no setor siderúrgico, com a redução das alíquotas de importação do aço. São ações que o governo tem para dar sustentação para quem quer trabalhar sério nesse País”, lembra Marinho.

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