Mercado do celular mais competitivo

A competição no mercado de telefonia celular, que já tinha se acirrado no ano passado com a entrada da TIM e da Oi, volta a esquentar a partir de hoje, quando será lançada ao público, oficialmente, a Vivo. A empresa, que é resultado da fusão entre a Telefônica Celular e a Portugal Telecom, não é uma nova operadora, mas já começa como a maior companhia de telefonia móvel do País, com 17 milhões de clientes e 49% do mercado. Só na campanha de lançamento na mídia serão gastos R$ 20 milhões. O mesmo montante será usado na remodelação da marca, o que inclui, por exemplo, a mudança das lojas das operadoras incorporadas.

Rio (AG)

– A Vivo passará a prestar serviço aos assinantes hoje atendidos por Tele Sudeste Celular, Telesp Celular, Global Telecom, CRT Celular, Tele Leste Celular, Tele Centro-Oeste (TCO) e Norte Brasil Celular (NBC). A “joint-venture” adquiriu, no início deste ano, as duas últimas operadoras, cuja área de concessão abrange as regiões Norte e Centro-Oeste do País. A aquisição dessas empresas garante à empresa quase metade do mercado nacional. O negócio, no entanto, ainda depende de aprovação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade). Ao todo, serão 19 estados atendidos (incluindo o Rio de Janeiro), mais o Distrito Federal.

Para o consumidor do Rio, cliente da Telefônica Celular, a transição para a Vivo será quase imperceptível, pelo menos num primeiro momento. Isso porque a empresa mudará de nome, mas os serviços não serão alterados. A tecnologia, por exemplo, continuará sendo a CDMA (Code Division Multiple Access). Além disso, os atuais números de telefones dos clientes não sofrerão mudança e os aparelhos não precisarão ser trocados.

A expectativa, no entanto, é que haverá redução de custos com a “joint-venture”, o que deverá se refletir numa tarifa menor para o consumidor. As sinergias da fusão também podem beneficiar as ligações interestaduais que antes eram servidas pelas empresas separadamente. Considere-se a ligação entre o Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo: antes, com as operadoras funcionando individualmente, o usuário que precisasse fazer alguma chamada entre os dois estados tinha que pagar as tarifas de “roaming” (ligação fora da área de concessão da empresa do consumidor). Com a fusão, trata-se da mesma empresa operando nos dois estados, o que, pelo menos em tese, elimina a barreira e o custo do “roaming”.

A união das empresas trará muitos benefícios aos nossos usuários em termos de tarifas ? afirmou na semana passada o presidente da Vivo, Francisco Padinha, durante apresentação à imprensa.

A Vivo já entra no mercado com uma promoção. Os clientes pagarão tarifas locais nas ligações entre celulares das sete operadoras que compõem a empresa em qualquer localidade do País e estarão isentos da tarifa de “roaming” ao ligar para celulares das operadoras da Vivo em todo o Brasil. A promoção, que começa domingo e vai até o dia 30 de abril, é válida em qualquer horário e dia da semana.

A união das sete empresas vinculadas à Portugal Telecom e Telefônica Celular sob uma única marca nacional, a Vivo, será importante para facilitar o reconhecimento da empresa pelo consumidor, diz o analista sênior de telecomunicações na América Latina, Luis Minoro Shibata.

? TIM e Oi iniciaram operações com uma marca nacional e isso facilitou a percepção do consumidor. Faltava à Portugal Telecom e à Telefônica fazer o mesmo, já que operaram apenas com marcas locais, como a Telesp Celular, em São Paulo, e a Telefônica Celular, no Rio. Com a “joint-venture” e a criação de uma marca nacional, a imagem da empresa se fortalece, o que facilita a competição com as demais operadoras ?- diz ele.

Para Luis Minoro, além do uso do nome Vivo, a nova empresa deverá oferecer ao cliente um novo leque de serviços, o que irá aumentar o reconhecimento da marca no mercado. E mexer com a concorrência. Segundo ele, em dois anos, grande parte dos serviços para o usuário final vão se tornar “commodities”.

Quando isso acontecer, o usuário vai escolher o serviço desejado com base na empresa que mais se identificar. Por isso ter uma marca forte será importante. E certamente foi por isso que as empresas resolveram criar a Vivo ? avalia.

O processo que resultou na criação da Vivo deverá se repetir ainda este ano com os mexicanos da Telecom América. A empresa, dona das operadoras TES, ATL, Americel, Telet e BCP deverá fazer o mesmo movimento de unificação de marcas.

A Telecom América adquiriu três novas licenças este ano, na Região Metropolitana de São Paulo, no Paraná e em Santa Catarina, região da Global Telecom, e na região de Bahia e Sergipe. Licenças que vão entrar em operação este ano. Em seguida, acontecerá a união das empresas em uma só marca ? afirma Luis Minoro.

Para o analista, em um futuro não muito distante, o Brasil terá cinco ou seis marcas fortes com uma cobertura mais extensa, em várias regiões do País.

As concorrentes da Vivo no Rio, principalmente, a Oi e a TIM, que entraram de forma agressiva no mercado, ainda não anunciaram seu contra-ataque. Com a vantagem de oferecer a GSM (Global System for Mobile Communications) ? a mais moderna tecnologia de celular ? as duas conquistaram quase dois milhões de clientes em todo o País em menos de um ano.

Uma fonte ligada ao setor, no entanto, afirmou que as duas operadoras deverão antecipar campanhas publicitárias para que sejam veiculadas na mídia simultaneamente às da Vivo. Já a ATL, a outra operadora que atua no Rio, pretende manter seus dois milhões de clientes com a migração do sistema TDMA (Time-Division Multiple Access) para GSM.

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