Membro do Fomc defende manutenção de política do Fed

O presidente do Federal Bank de Chicago, Charles Evans, que foi fundamental para que o banco central adotasse uma projeção (“guidance”) maior sobre os fatores que estão impulsionando as perspectivas de política monetária, alertou nesta quinta-feira contra quaisquer tentativas prematuras de diminuir a atual política de estímulo.

Em um discurso em Des Moines, Evans se mostrou contrário à ideia de que o Fed deverá, em breve, reduzir seus esforços voltados para as compras ilimitadas de títulos do Tesouro e de bônus de hipotecas. Nas últimas semanas, uma série de oficiais do Fed tem especulado que, com a melhora na economia e o aumento do risco de dinheiro fácil, o Fed pode criar desequilíbrios financeiros. Eles têm argumentado que isso significa que o Fed pode, em breve, ter de começar a diminuir o tamanho de suas compras, que atualmente estão em US$ 85 bilhões por mês.

Evans, membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve, acha que a redução do programa seria uma má ideia.

“Precisamos ter cuidado para não prejudicar as nossas próprias políticas e remover a acomodação prematuramente, como os japoneses fizeram”, disse Evans. “É o fantasma de repetir a experiência japonesa que tem me mantido acordado à noite”, disse o presidente do Fed de Chicago, referindo-se aos longos anos de estagnação do Japão.

Em seu discurso, Evans disse que espera que o crescimento se recupere e o desemprego diminua. Mas ele disse que “essa perspectiva depende de forma crítica de continuar nossa posição atual, altamente acomodatícia, de política monetária”. Evans acrescentou: “Eu estou otimista de que temos políticas adequadas em prática para ajudar a economia atingir a velocidade de recuperação em 2014”.

Evans espera ver a economia crescer entre 2,5% e 3% este ano e de 3,5% a 4% no próximo ano. Ele acha que isso pode levar atual taxa de desemprego de 7,9% para um nível “um pouco abaixo” de 7% até o final de 2014. O presidente do Fed de Chicago espera que a inflação fique abaixo da meta de 2% do Fed durante “os próximos anos”.

Evans disse que os riscos para as perspectivas são diversos, e se os cortes de gastos automáticos agendados para esta sexta-feira não forem revertidos de alguma forma, o governo poderá enfrentar um obstáculo significativo no crescimento.

A autoridade reiterou que o novo limite de desemprego e de inflação do Fed – que ele apoia – estão ajudando a tornar a política monetária mais estimulante, diminuindo a incerteza sobre as perspectivas. Evans disse que, com base em suas expectativas de que o Fed atingirá a taxa de desemprego de 6,5%, as taxas de curto prazo devem ficar efetivamente em zero até meados de 2015.

Quando se trata das perspectivas para a compra de títulos, “as compras continuarão até que haja melhora substancial na perspectiva para o mercado de trabalho, sem prejuízo, naturalmente, a um ambiente contínuo de estabilidade de preços”, afirmou Evans. “Isso significa um crescimento de empregos de cerca de 200 mil cargos por mês ao longo de um período de seis meses”, e este desempenho terá de ser ponderado contra outras métricas de desempenho econômico.

Evans rebateu aqueles que pensam que o estímulo agressivo do Fed deixa os mercados inquietos. “As preocupações com um grau de espuma nos mercados financeiros que podem representar um risco significativo a nível macroeconômico me parecem ser, em grande parte, especulativas”, disse a autoridade. Ele acrescentou que os investidores estão de fato fazendo o que o Fed quer. “Investidores estão reposicionando em outras classes de ativos que estimularão os gastos de forma mais direta”. As informações são da Dow Jones.