Malta e Luxemburgo rebatem comparação com Chipre

Os governos de Luxemburgo e de Malta manifestaram-se nesta quarta-feira com o objetivo de distinguir seus sistemas bancários da crise do Chipre. As duas nações argumentaram que a viabilidade do setor bancário não pode ser julgada em comparação com o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB).

Autoridades dos dois países, ambos com ativos do setor financeiro muitas vezes maior do que o PIB, argumentaram contra “os comentários enganosos”, como eles se referiram às declarações de autoridades europeias que deram a entender que pequenos países com setores financeiros gigantescos podem apresentar uma ameaça à estabilidade financeira da zona do euro.

Em um comunicado, o governo de Luxemburgo disse estar “preocupado” com recentes “comparações entre o modelo de negócios dos setores financeiros internacionais na zona do euro” e “avaliações mais gerais sobre o tamanho do setor financeiro em relação com o PIB do país”.

Luxemburgo, que tem uma população de apenas 525 mil habitantes, tem um dos maiores setores bancários da União Europeia. De acordo com um documento do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 2011, os ativos do setor bancário do país eram 20 vezes maiores do que o PIB local, os ativos sob gerenciamento do setor de fundos de investimento eram 50 vezes maiores do que o PIB e o balanço do setor de seguros correspondia a quatro PIBs.

Em entrevista publicada hoje, o presidente do Banco Central de Malta, Josef Bonnici, que é outro pequeno país com grandes ambições de construir um setor financeiro, também disse ser “enganosa” qualquer comparação do país com o Chipre. Os ativos dos maiores bancos de Malta somam “pouco menos de 300%” do PIB, o que para os padrões internacionais está “dentro dos limites normais”, disse Bonnici em entrevista ao jornal Times of Malta. “Os bancos de Malta têm exposição limitada ao programa de emissão de títulos do país”, disse.

A defesa das duas nações acontece dois dias depois de o Chipre ter chegado a um acordo com a União Europeia para um pacote de resgate de 10 bilhões de euros (US$ 13 bilhões), que inclui o fechamento do segundo maior banco do país, o Banco Popular do Chipre, também conhecido como Laiki. As informações são da Dow Jones.