Lula promete aumento real para o salário mínimo

Brasília – O governo não fechou o valor do novo salário mínimo na reunião de ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com oito ministros e líderes do governo no Congresso, mas garantiu que haverá “algum aumento real” (acima da inflação), informou o senador Paulo Paim (PT-RS). “Todos reconheceram que deve ter aumento real, o que foi descartado é um grande aumento real”, disse Paim. “Não havia vontade nenhuma de fechar um número.”

O ministro da Fazenda, disse o senador, alegou dificuldades para concessão de um aumento real expressivo e, dirigindo-se aos líderes partidários, comentou: “Vocês é que vão dizer de onde tirar esse dinheiro.” O argumento da equipe econômica, disse Paim, é o mesmo dos governos anteriores: um aumento muito grande prejudicará as prefeituras e a Previdência. Ele disse que, de acordo com dados o governo, o déficit da Previdência deve chegar a R$ 30 bilhões este ano.

Paim apresentou uma proposta que prevê um salário mínimo de R$ 312,00 e mostrou um estudo no qual o trabalhador que recebe o mínimo de R$ 240,00 gasta quase tudo no pagamento das despesas gerais, sobrando apenas R$ 17,80 para alimentação. Segundo o senador, o presidente disse que vai marcar outra reunião para discutir o salário mínimo, mas não fixou data.

A reunião de Lula com os líderes partidários durou mais de quatro horas no Palácio do Planalto e foi marcada por discordâncias sobre o quanto aumentar o valor do salário mínimo (hoje em R$ 240). Ao final, Lula e a cúpula do governo chegaram a um consenso de que haverá reajuste real (acima da inflação), mas o anúncio deve acontecer a partir da próxima semana. O novo mínimo entra em vigor em 1.º de maio.

O líder do governo na Câmara, professor Luizinho (PT-SP), também conversou com os jornalistas depois da reunião. “Não tem valor, não há número, mas não será de forma alguma abaixo da inflação”, afirmou Luizinho. O líder governista não deixou de alfinetar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) ao dizer que Lula “não vai fazer como o governo anterior, que não recuperava o poder de compra, só destruía”.

Além do senador Paulo Paim, participaram da reunião os ministros José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda), Luiz Dulci (Secretaria Geral da República), Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação), Guido Mantega (Planejamento), Ricardo Berzoini (Trabalho), Amir Lando (Previdência) e os líderes do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e no Congresso, Fernando Bezerra (PTB-RN).

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