Lula cobra mais empenho na liberação de créditos

Brasília

(AG) ? Representantes dos bancos federais se reuniram ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apresentar uma avaliação sobre o desempenho das instituições nos oito primeiros meses do ano. Lula pediu aos bancos uma atenção especial para três setores na liberação de empréstimos: infra-estrutura, crédito para a produção e agricultura familiar.

O crescimento recorde da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano, de 4,2% em relação ao mesmo período do ano passado, despertou a atenção do governo para os chamados ?gargalos? na expansão da produção e para a falta de investimentos na área de infra-estrutura.

Segundo o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, Lula destacou na reunião a questão do microcrédito, cujo volume de empréstimo está abaixo do projetado pelo governo. Mattoso afirmou que com o lançamento do novo produto da Caixa, o empréstimo por meio de micropenhor, deve haver um aumento do crédito para clientes de baixa renda.

Pressão normal

No momento em que o governo enfrenta dificuldade para aprovar o projeto que cria as Parcerias Público-Privadas (PPPs) no Congresso, o presidente Lula disse que é normal que governadores e prefeitos briguem por seus estados e cidades, mas afirmou que o governo tem que brigar pelo país. Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, destinada a discutir políticas de desenvolvimento regional, Lula disse que o mapa de desenvolvimento do país é desigual e que é preciso investir mais nas regiões Norte e Nordeste.

O presidente disse que há regiões que não são atrativas para a iniciativa privada e que nelas o Estado é obrigado a investir para mudar a situação. Lula afirmou ainda que, mesmo com a maior parte dos parlamentares do Congresso sendo das regiões Norte e Nordeste, a maioria das políticas aprovadas no Congresso beneficia as regiões Sul e Sudeste. Segundo o presidente, isso ocorre por causa do poder de pressão, dos interesses da parte mais rica do país.

“Nem tudo é resolvido pela maioria. Se formos fazer um somatório no Congresso, vamos perceber que a maioria dos congressistas é do Norte e do Nordeste, mas eles mesmo acusam que a maioria das políticas é para ajudar o Sul e o Sudeste. Acho normal o governador brigar por seu estado, o prefeito brigar por sua cidade, mas temos que brigar pelo país. Quando eu era dirigente sindical o mundo para mim se resumia aos metalúrgicos. Agora que sou presidente, o mundo pra mim se resume ao Brasil.”

Lula disse que são necessárias grandes obras como a Ferrovia Norte-Sul e neste momento fez um mea culpa, admitindo que na década de 80 foi contra essa obra.

“Em 1987, fui contra a Ferrovia Norte-Sul e hoje ela é imprescindível. De vez em quando cometemos erros por paixões”, afirmou o presidente.

Logo em seguida, Lula disse que é preciso reconhecer que os estados das regiões Norte e Nordeste precisam de mais ajuda do que os das regiões Sul e Sudeste.

“Às vezes, se o Estado não colocar a mão e trabalhar, não sai. Não é intervir de forma paternalista, mas sim construir parcerias necessárias para permitir que o Brasil não tenha um mapa tão desigual”, afirmou.

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