Rio – A TV Globo, maior rede de televisão do País, encerrou os seis primeiros meses do ano com lucro líquido de R$ 54 milhões, uma queda de 27,5% em relação aos R$ 74 milhões contabilizados em igual período de 2002. As receitas líquidas da emissora totalizaram R$ 1,278 bilhão, com queda nominal de 1,15% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
Já a Globopar, holding da família Marinho para a área de televisão a cabo e satélite, registrou lucro de R$ 545 milhões no primeiro semestre. Em igual período do ano passado, a empresa contabilizou prejuízo de R$ 1,785 bilhão. Tanto as pesadas perdas do ano passado quanto os resultados positivos deste ano sofreram forte impacto da oscilação do dólar. Só de “variações monetárias” a empresa teve lucro de R$ 369 milhões este ano, frente ao prejuízo de R$ 1,493 bilhão nos primeiros seis meses de 2002.
O balancete das duas empresas foram divulgados no site da Globopar e não são auditados. A contadora Maria Helena Pettersson, da Ernst & Young, faz a ressalva que não pode emitir opinião sobre a qualidade da informação, já que não pôde adotar todos os procedimentos previstos pela legislação brasileira. A ressalva da contadora resulta principalmente de diversas operações realizadas com partes relacionadas (empresas do próprio grupo).
Uma das operações foi a recompra pela TV Globo da participação da Telecom Italia na GLB Serviços Interativos, que controla a Globo.com, braço do grupo para a área de internet, no valor de R$ 125 milhões. Esse valor será pago à TIM Brasil (braço da Telecom Italia de telefonia móvel no Brasil) por meio de inserções publicitárias na TV Globo até 2005.
O balanço da TV Globo traz ainda uma rubrica “barter”, referentes a operações de permutas realizadas com alguns credores. O Banco Santander Banespa aprovou operações desse tipo no valor de R$ 24,754 milhões a serem quitadas com inserções publicitárias. O balanço semestral da TV Globo aponta um saldo de R$ 80,292 milhões de “permutas” no final de junho.
A Globopar informa em suas notas explicativas que mantém contatos com os bancos credores visando à renegociação da dívida cujos pagamentos foram interrompidos em dezembro. Segundo a Globopar, o comitê de credores encerrou o processo de auditoria em julho, mas a empresa não informou os termos de uma possível renegociação. A empresa afirma que o processo de renegociação da dívida não afetou os negócios da TV Globo. O endividamento total da Globopar somava R$ 5,019 bilhões em junho, dos quais R$ 389.608 milhões em atraso. A TV Globo prestou avais e garantias à Globopar no valor de R$ 4,020 bilhões no dia 30 de junho de 2003 (R$ 4,592 bilhões em junho de 2002).