Juros poderiam cair mais, dizem analistas

O Banco Central poderia baixar os juros mais rapidamente e reduzi-los, por exemplo, em 0,75 ponto percentual na reunião que começou ontem e termina hoje. A maioria dos analistas diz acreditar haver espaço para a aceleração, mas, ao mesmo tempo, que é muito improvável que o Copom decida fazê-lo.

Como dizem os economistas, há ?condições técnicas? para maior agressividade no processo de queda de juros, mas o BC já deixou claro que reduzirá a taxa de forma gradual. As condições técnicas: câmbio valorizado ajuda, o nível de atividade está fraco e não há sinais de problemas com a inflação. Mesmo com o repique visto em alguns índices, a avaliação é de que ele se deve a pressões passageiras, que não contaminarão os preços daqui para a frente.

?Um país que tem economia se desacelerando e o real se valorizando é um país que pode acelerar a redução dos juros. São condições técnicas muito claras. Com essa queda de taxa de atividade econômica e com câmbio, a maioria dos BCs do mundo aceleraria a queda, eu estou com a maioria?, diz Affonso Celso Pastore, da AC Pastore e Associados.

Pastore já defendeu, em outros momentos, uma atitude mais agressiva do BC, principalmente quando os indicadores de nível de atividade começaram a deixar claro que a economia patinou no terceiro trimestre. Ele não comenta nem faz projeções sobre a decisão, apenas ressalta que o BC já deu indicações de que vai continuar com sua política gradualista.

Luis Roberto Troster, economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), apóia o gradualismo do BC. Diz, por exemplo, que o ruído causado pela turbulência política recomenda cautela. Apesar do cenário favorável para corte de juros, ele avalia que um corte de 0,5 ponto percentual está de bom tamanho. Troster critica a ?miopia de alguns setores da economia?, que pedem cortes mais agressivos na taxa de juros. ?Não adianta fazer festa agora e depois amargar anos ruins em 2006, 2007.?

Mário Mesquita, do ABN Amro, também espera queda de 0,5 ponto amanhã. Diz que é natural o BC ter cautela. ?O BC é sempre uma instituição mais conservadora do que o resto da sociedade.? A partir de dezembro, prevê ele, os juros devem começar a cair de forma mais rápida, até 0,75 ponto.

Brincando, durante apresentação em que falava sobre a importância das instituições e do respeito a regras e leis para vitaminar o crescimento, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que daria um exemplo. Afirmou que, como presidente do BC, não poderia opinar sobre conjuntura para não comprometer o processo de decisão e governança do Copom.

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