Itaipu instala hoje sua décima nona turbina

A décima nona unidade geradora da Hidrelétrica de Itaipu será entregue hoje pelo consórcio construtor e passará a operar comercialmente em 1.º de outubro, acrescentando 700 megawatts (MW) à potência instalada da binacional. A nova energia, capaz de suprir a demanda de eletricidade de uma cidade de 2 milhões de habitantes, deverá ser direcionada somente para o Brasil, já que o Paraguai, sócio da binacional, consome apenas 5% da produção de Itaipu.

Os testes de confiabilidade da 19.ª unidade – batizada de 9A -, realizados durante 45 dias e concluídos no dia 4, foram considerados satisfatórios. O início da operação da nova turbina será anunciado durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Itaipu, amanhã (24).

Itaipu completará seu potencial energético, de 14.000 MW, quando entrar em operação a vigésima unidade geradora. O funcionamento desta nova unidade está previsto para março do ano que vem, 33 anos após o início da construção da hidrelétrica.

Cada unidade geradora pesa 6,6 mil toneladas e as duas últimas, instaladas pelo consórcio Ceitaipu, liderado pela francesa Alston, custaram US$ 95 milhões cada. A conclusão da instalação da décima nona unidade atrasou em mais de dois anos devido a defeitos em seus componentes – o primeiro foi detectado na cruzeta, uma peça de 147 toneladas. O atraso na instalação da 9A atrasou também as obras da 18A. A multa a ser aplicada ao Ceitaipu está sendo avaliada pela direção jurídica da hidrelétrica.

?O atraso foi significativo?, reconhece o diretor-técnico brasileiro de Itaipu, Antônio Otelo Cardoso. ?Mas nosso critério de qualidade é imperativo: precisamos que as máquinas funcionem à perfeição nos próximos cem anos.?

O funcionamento das duas novas unidades permitirá que Itaipu mantenha 18 turbinas em funcionamento simultâneo, segundo estabelece o tratado que permitiu a construção da hidrelétrica. Assim, a hidrelétrica estará produzindo em média 12,6 mil MW, podendo atingir seu potencial de produção – 14 mil MW -, em caso de emergência, acionando as duas outras turbinas. A hidrelétrica mantém sempre duas turbinas em manutenção, trabalho que é realizado a cada 18 meses.

Para colocar em operação as 20 turbinas ao mesmo tempo, ressalta o diretor-técnico de Itaipu, será necessário o consentimento da Argentina, já que o acordo tripartite (Brasil-Paraguai-Argentina), assinado há mais de três décadas e que permitiu a utilização da água do Rio Paraná, onde a hidrelétrica está instalada, prevê o controle rígido da vazão do rio. O Rio Paraná percorre grande parte do território argentino até Buenos Aires, onde, com o nome de Rio da Prata, deságua no Atlântico. ?Este é um assunto para o Itamaraty?, observa Cardoso.

A operação simultânea das 20 turbinas deverá ocorrer em situações de emergência, como agora, explica Cardoso, quando Itaipu está produzindo mais para atender a região sul, atingida pela estiagem – 65% da energia consumida pelo sul está sendo fornecida por Itaipu.

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