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Informalidade prejudica a reciclagem no Paraná

O setor de transformação de plástico está dominado pelas pequenas empresas e sofre com a alta taxa de informalidade em alguns segmentos. Esse é um resumo da atividade, que pode ser tirado de um amplo levantamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e também de informações do Sindicato da Indústria de Material Plástico no Estado do Paraná (Simpep), ambos divulgados esta semana. Incentivos como isenção de impostos e mais fiscalização sobre atravessadores são algumas das reivindicações do setor.

O Paraná possui, por exemplo, mais de 200 empresas de reciclagem de resinas termoplásticas, que compõem um universo de mais de 900 companhias que lidam com plástico. É o quarto estado do País, tanto em número de empresas como de empregados que são quase 23 mil, atrás de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No segmento de reciclagem, são cerca de 3 mil empregos diretos e mais de 10 mil indiretos.

E é nessa terceirização que reside a informalidade. Segundo um dos diretores do Simpep, Rosalvo Prates, são os sucateiros os grandes responsáveis por fomentar a situação. “Essa é a parte que fica com a maior fatia dos lucros. Só tem o trabalho de enfardar o material. Não se paga praticamente nada aos carrinheiros, não tem funcionários, máquinas e não paga imposto, porque é informal”, alerta. Uma maior profissionalização dos catadores, através de cooperativas, seria uma solução, sugere.

Para Prates, a ponta do setor que trata da industrialização está carente de incentivos do poder público em geral. “O que mais precisamos é de reconhecimento que o setor existe”, reclama. Segundo ele, os benefícios são merecidos principalmente porque a atividade retira uma grande parte do lixo do meio ambiente, e ainda aliviando a necessidade de extração de mais matéria-prima. “Sem falar na quantidade de emprego que é gerada”, completa.

Hoje, de acordo com o Simpep, para se abrir uma empresa de reciclagem de resinas termoplásticas com capacidade de reciclar 1,4 mil toneladas por ano de material, é necessário um investimento de R$ 1,5 milhão, mais os custos de manutenção. Prates sugere que, entre os incentivos ao setor, ao menos seja concedida uma isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidente sobre a energia elétrica consumida que está entre os principais gastos das indústrias.

Soluções

Além da reciclagem, outras formas de manuseio de matéria-prima garantem economia tanto para o meio ambiente, como para empresas do setor. Uma nova embalagem desenvolvida pela AmBev, por exemplo, está eliminando o desperdício de 300 toneladas de plástico PET, em um ano. A mudança foi na parte superior da garrafa, responsável pelo maior consumo de plástico. A empresa, que envasa 1 bilhão de garrafas PET por ano, calcula que, com a redução de 3 milímetros na altura, haverá uma economia de aproximadamente 1,5 grama de PET nas garrafas e 0,2 grama de polipropileno nas tampas.

Crise atingiu o setor em cheio

De acordo com os dados da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) divulgados esta semana, 94,3% das 11,3 mil empresas do setor plástico brasileiras no número estão incluídas as empresas de reciclagem são consideradas pequenas ou até micro, ou seja, têm até 99 empregados. As empresas de porte médio, com até 499 empregados, são 5,3%. A fatia restante, das grandes indústrias, corresponde a menos de 0,4% do setor. A imensa maioria das empresas 85% está nas regiões Sudeste e Sul do País.

O Estado de São Paulo concentra 44,6% das empresas (mais de 5 mil) e funcionários (141,5 mil) do setor, seguido do Rio Grande do Sul, com 1,25 mil empresas (11% do total) e 28,4 mil trab,alhadores, e Santa Catarina, com 924 companhias (8%) e 33,1 mil empregados. Logo atrás do Paraná que possui 917 empresas e 22,8 mil empregados estão estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro. A Abiplast usou, no levantamento do número de empresas, a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2007 já que a de 2008 ainda não foi divulgada. O número de empregados vem do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do ano passado.

O levantamento também mostra que o impacto da crise econômica atingiu bastante o setor no final de 2008. Enquanto, em outubro, a indústria do plástico empregava cerca de 329,5 mil pessoas no País o pico do ano passado , em dezembro o número caiu para 314,8 mil, fechando o ano com um número de empregados apenas 1,18% maior que em 2007.

Ainda segundo a Abiplast, foi o setor de laminados o mais atingido pela crise. O segmento sofreu, em 2008, uma queda de 2,11% na produção física, em relação a 2007. Em compensação, o segmento de artefatos diversos, mais amplo, teve aumento de 6,2% na produção acumulado. A área de embalagens ficou praticamente estável, com um aumento de 0,59% em 2008, na comparação com 2007.