Inflação pelo IGP-M pode cair para 5% em 2009

Com o movimento gradual de desaceleração que está sendo observado na taxa acumulada de 12 meses do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) desde agosto do ano passado, não seria impossível o indicador chegar ao final de 2009 com um resultado em torno de 5,00%. A opinião é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, que concedeu entrevista nesta quinta-feira (29) à imprensa para detalhar a deflação de 0,44% registrada pelo IGP-M de janeiro.

Em julho de 2008, o indicador acumulou em 12 meses uma taxa de 15,12%, a maior neste tipo de comparação desde outubro de 2003 (17,34%) e que trouxe preocupação principalmente aos consumidores que pagam aluguel, já que o IGP-M é usado como base para o reajuste dos contratos. Depois deste pico, o índice acumulado só mostrou desaceleração, chegando a uma taxa de 9,81% em dezembro e a um resultado de 8,15% em janeiro de 2009.

Para os próximos meses, Quadros disse que a tendência é a manutenção deste processo de uma maneira menos expressiva. “Mas, mesmo que ele recue um pouco mais devagar nestes meses seguintes, há possibilidade de uma desaceleração mais forte na metade do ano, já que tivemos em junho do ano passado uma taxa mensal de 1,98%, que será substituída, no cálculo de 12 meses, por um resultado bem mais baixo”, acrescentou Quadros, usando o atual cenário de inflação menor como referência para a explicação.

Fevereiro

Para Quadros, é pouco provável que seja observada uma deflação tão forte como a de janeiro no IGP-M de fevereiro. Ele destacou que o indicador do próximo mês tende a não contar com algumas influências importantes de janeiro e poderá consolidar algumas pressões de alta que já foram observadas no levantamento divulgado hoje pela FGV.

A taxa negativa de janeiro foi a mais expressiva desde setembro de 2005, quando houve declínio de 0,53%. “Esta queda está muito ligada ao comportamento dos preços do atacado”, comentou Quadros, destacando especialmente a forte baixa de 1,48% dos itens industriais, que tem ligação direta com os efeitos de desaceleração na atividade econômica do País trazidos pela crise financeira global.

De acordo com o coordenador, a diferença entre o IGP-M já conhecido de janeiro e a expectativa para fevereiro está amparada em três fatores. Dois deles estão ligados ao Índice de Preços por Atacado (IPA) Industrial e um ao IPA Agropecuário. No segmento industrial, segundo Quadros, o principal destaque é que as sondagens recentes da FGV vêm mostrando que o efeito da redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis está diminuindo nas negociações entre as montadoras e as revendedoras.

O segundo fator, de acordo com o coordenador, é que, como houve uma série de baixas expressivas nos valores médios de itens industriais em janeiro, há uma tendência natural de esgotamento deste movimento nos períodos seguintes. Quanto ao fator ligado ao IPA Agropecuário, Quadros lembrou que as pressões climáticas sazonais do início de cada ano tendem a ampliar a interferência sobre o segmento.

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