Inflação de Curitiba é a menor do Brasil

Como no ano anterior, a região metropolitana de Curitiba fechou 2006 com o menor Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), 2,5% acumulado no ano, abaixo do índice nacional, de 3,14% (o menor registrado desde 1998, quando chegou a 1,65%). No mês de dezembro, o IPCA registrado na região, junto com Salvador, também foi o menor do Brasil, 0,15%. Como afirma o analista da unidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Paraná, Luís Alceu Paganotto, apesar deste ser um item sazonal, que varia de mês a mês, o desempenho local, apresentado no último mês – com preços bem abaixo dos nacionais -, é ?raro?. A meta para a inflação nacional, estabelecida pelo Banco Central, era de 4,5%.

Os índices foram divulgados ontem, pelo IBGE. De acordo com o levantamento, em novembro, o IPCA de Curitiba foi o mais alto do País, 0,63%, o dobro do índice nacional de 0,31%. No entanto, em dezembro, enquanto o índice nacional subiu, o de Curitiba foi reduzido a quase um quarto, 0,15%. Os itens que influenciaram nessa redução foram os artigos de residência, que apresentaram variação negativa de 0,26%, a comunicação (-0,13%) e os transportes, cujos preços também baixaram, a variação foi de -0,06%.

?Estes itens, principalmente os transportes e a habitação (que também ficou baixa em Curitiba, 0,01%), têm grande peso a nível de Brasil. Os preços estando baixos em Curitiba fazem com que o IPCA seja menor. Este foi um desempenho quase nunca visto na região, principalmente em se falando do mês de dezembro?, analisa Alceu. Ainda considerando o IPCA de dezembro de 2006, os itens que registram maiores altas são vestuário (0,7%), despesas pessoais (0,48%) e saúde e cuidados pessoais (0,43%).

INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) também foi divulgado ontem. Mais uma vez o índice da região metropolitana de Curitiba foi o menor entre as 11 regiões analisadas, 1,7% acumulado em 2006, também abaixo da média nacional, de 2,8%. No último mês do ano, o INPC registrado em Curitiba foi de 0,21%, o segundo menor do País, depois de Salvador (0,10%). Em dezembro, os dois itens em baixa foram, respectivamente, os artigos de residência (-0,08%) e a comunicação (-0,07%). Os itens que registram maiores altas são os de vestuário (0,87%), despesas pessoais (0,62%) e de saúde e cuidados pessoais (0,49%).

Nacional

De acordo com o IBGE, o IPCA acumulado em 2006 (3,14%), no Brasil, foi o menor registrado desde 1998, quando chegou a 1,65%. A região metropolitana que apresentou o maior índice no ano foi Belo Horizonte, com IPCA de 4,96%. Em dezembro, o índice nacional foi de 0,48%; o maior IPCA, no mês, foi registrado em São Paulo (0,92%).

Em nível nacional, considerando o mês de dezembro, um dos únicos itens que registraram queda foram os artigos de residência (-0,18%). Entre os itens que exerceram maior pressão, para alta, foram os transportes (1,14%) e o vestuário (1%). Dentro do primeiro item, o artigo que mais pesou foi o transporte público que teve variação de 3,78%. Quanto ao acumulado no ano, de acordo com o IBGE, ?a redução na taxa foi determinada pela boa oferta de produtos agrícolas, a influência do câmbio e menores aumentos na energia elétrica, telefonia e combustíveis. Os itens que exerceram maior pressão no resultado do ano foram planos de saúde (12,30%), colégios (6,79%), tarifas dos ônibus urbanos (8,11%) e salários dos empregados domésticos (10,73%)?.

Já o INPC acumulado em 2006, foi de 2,81%, sendo Brasília a região que apresentou o maior índice, 4,75% no ano. Em relação ao último mês, o índice nacional foi de 0,62% e foi a região metropolitana de São Paulo que apresentou o maior INPC, 1,48%. No mês, os artigos de residência mais uma vez foram os que apresentaram maior baixa (-0,1%), enquanto que os itens de maior pressão foram novamente transportes (2,22% de variação) e os de vestuário (0,98%).

IPC do Ipardes

O Índice de Preços ao Consumidor (inflação) de Curitiba para famílias que recebem de 1 a 40 salários mínimos fechou 2006 com uma taxa de 4,82%, segundo levantamento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) divulgado ontem. O resultado ficou um pouco acima do calculado em 2005, quando a inflação foi de 4,05%. Especificamente no mês de dezembro, a inflação foi de 0,30%.

O grupo que mais contribuiu para o aumento no ano foi o formado por saúde e cuidados pessoais (13,10%), com destaque para plano de saúde (18,11%), remédios como moderador de apetite (32,69%) e analgésico e antitérmico (29,84%). O segundo grupo que mais influenciou a inflação do ano passado foi o de despesas pessoais (10,02%), no qual o item ?empregada doméstica? foi o de maior aumento (26,33%).

IPCA de 2006 marca o fim da cultura inflacionária no País

Rio (AE) – O ano de 2006 consolidou ?de fato uma situação de desindexação? de preços no País, segundo avalia a coordenadora de índices de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Eulina Nunes dos Santos. De acordo com ela, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3,14% acumulado no ano passado, bem abaixo do centro da meta estabelecida pelo Banco Central (4,5%), marca o fim de uma cultura inflacionária no Brasil.

Para Eulina, mais importante do que o IPCA de 2006 ter sido o menor desde 1998 é o forte recuo que ocorreu na taxa em comparação a 2002 (12,53%), ano que marcou um perigoso avanço na inflação brasileira, após ter sido domada pelo Plano Real. Ela sublinhou que a safra agrícola de 116,6 milhões de toneladas, o câmbio e os reajustes baixos ou inexistentes dos preços administrados contribuíram para conter a inflação no ano passado.

A safra permitiu um aumento acumulado de apenas 1,22% nos preços dos produtos alimentícios em 2006, a menor variação desse grupo na série do IPCA no Plano Real (desde 1994), equivalente apenas à variação nesse grupo apresentada em 1997, que também foi de 1,22%. O câmbio ainda contribuiu para manter os preços dos alimentos controlados e manteve reduzido o IPCA de itens como artigos de limpeza (-2,29%) e aparelhos de TV, som e informática (-12,07%).

No caso dos administrados, houve queda de 0,83% na inflação da telefonia fixa, fato inédito desde o início do Plano Real. A energia elétrica também registrou praticamente uma estabilidade de preços (0,28%) em 2006. Os combustíveis, com alta de 2,30% no ano passado, também influenciaram na contenção da inflação no ano, segundo observou Eulina.

2007

A coordenadora do IBGE acredita que mesmo que o comportamento dos preços seja diferente, em 2007, do que o registrado em 2006, ?haverá neste ano uma continuidade do que vem ocorrendo nos anos passados, com tendência de convergência para números cada vez menores?. Segundo Eulina, o comportamento atual dos preços atende ?à própria essência das metas de inflação?, que é a convergência para patamares mais baixos.

De acordo com ela, a elevação nos preços do álcool será um dos principais impactos de alta no IPCA de janeiro. Porém, o efeito será menos intenso na inflação de 2007 do que no ano passado, já que, com a mudança de metodologia do IPCA a partir de julho de 2006, o peso do álcool na taxa caiu de 1,08% para 0,38%, observou a coordenadora.

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