Indústria reclama do aumento no preço do gás

O Sindicato das Indústrias de Cerâmicas, Vidros, Cristais, Espelhos e Porcelanas (Sindilouças) abre 2006 insistindo na redução do valor cobrado pelo metro cúbico de gás natural fornecido pela Companhia Paranaense de Gás (Compagas). O aceno para o reajuste autorizado pela Petrobras, previsto para acontecer na segunda quinzena deste mês e ainda sem um índice determinado pela fornecedora paranaense, deixa os empresários ainda mais apreensivos. Muitos reclamam que os gastos elevados com o combustível pode levar a uma onda de desemprego, já que vários fornos das fábricas podem ser desligados.

Segundo o presidente do Sindilouças, José Canisso, uma redução resultaria na igualdade entre os valores cobrados pelas companhias de gás de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que também utilizam o gás distribuído pela Petrobras proveniente da Bolívia. ?Não dá para entender por que a Petrobras repassa o gás natural boliviano a US$ 4,00 o MMBTU (medida inglesa que corresponde a 26,8 m³ de gás natural) e a Compagas repassa a US$ 11,00 às empresas de maior consumo?, questiona o empresário.

Ele afirma que em Santa Catarina o valor cobrado é 30% menor e o do Rio Grande do Sul chega aos 35% a menos. ?Sem falar em São Paulo, que por fornecer gás natural com concorrência de três distribuidoras, fica 54% mais barato. Por isso, muitas empresas estão queimando fora do Paraná, repassando menos ICMS ao Estado e oferecendo menos empregos?, diz, referindo-se ao deslocamento de produção das empresas a outras localidades do Brasil.

O diretor industrial da empresa de louças Germer, Márcio Cruzara, diz que não só a diferença de valores entre os três estados é incompreensível, como também o aumento previsto para este mês. ?A Compagas fechou o ano com mais lucros que a própria Petrobras e a Copel, e com a baixa do dólar no ano passado, não dá para entender a necessidade do aumento.? O empresário ressalta que à época da implantação do gás natural no Paraná, a substituição do carvão foi bastante vantajosa, tanto economicamente quanto ecologicamente, já que o gás natural é menos poluente. ?Após um período de alta do dólar, no início da guerra do Iraque, houve uma alta justificável, mas que já nos prejudicou. Agora com o dólar em baixa, continuamos pagando um preço alto demais.?

Justificativas

Segundo o gerente comercial da Compagas, Justino João Santos de Pinho, a diferença entre os valores cobrados pelas empresas dos três estados do Sul não é tão alta quanto divulgada pelo Sindilouças. ?A diferença oscila entre 10% e 15% e se justifica devido ao consumo maior do gás natural nos outros estados.? Com gasodutos espalhados em toda a extensão de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mais empresas aderem à utilização do produto e desta forma ajudam a bancar a manutenção da infra-estrutura da rede. ?A diferença do consumo em relação aos catarinenses chega a 70%, o que permite que os custos fixos da empresa fornecedora catarinense se diluam?, garante.

Quanto ao aumento previsto para os próximos dias e os questionamentos relativos aos lucros da empresa, Pinho é enfático: ?Quem paga os investimentos é o lucro. Precisamos de capital de investimento?. Porém, mesmo confirmando o reajuste no valor do gás, o gerente garante que apesar de a Petrobras ter repassado um aumento de 12% para a Compagas, a tendência é que o repasse às empresas fique em 4%, em um reajuste único em 2006. (Gisele Rech)

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