Indústria do Paraná vende menos em julho

A indústria paranaense teve um desempenho negativo em julho último em comparação a junho. O faturamento caiu 9,48%, caracterizando-se como o pior desempenho no mês de julho desde 1992. Nos dois últimos anos – 2005 e 2004 – o setor industrial também apresentou desempenho negativo no mês, com quedas nas vendas de 7,82% e 6,64%, respectivamente. Os dados constam da pesquisa Indicadores Conjunturais, do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) divulgada ontem. 

Dos 18 gêneros pesquisados, nove tiveram variação positiva e outros nove, resultado negativo. Os itens de maior peso relativo na economia do Estado apresentaram queda nas vendas: Produtos Alimentares (-14,66), Química (-13,75%) e Material de Transporte (-11,03%). Outro item com grande variação negativa foi o Têxtil, com queda de 29,83% nas vendas. Apesar do desempenho negativo em julho, as vendas industriais acumuladas de janeiro a julho cresceram 4,38% este ano em comparação a igual período do ano passado.

?O mês de julho continua refletindo a instabilidade econômica e a falta de um bom horizonte de médio e longo prazos que permita à iniciativa privada realizar seus negócios de forma previsível, sustentada e crescente?, analisa o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures. Segundo ele, a queda das vendas, embora venha se mostrando sistemática desde 2003, não é típica do período, e a deste ano foi a mais forte de todos os meses de julho desde 1992. Rocha Loures lembra que em anos bons, como o de 2002 – também ano de eleição presidencial – julho apresentou expansão de 10,1%.

O dirigente observa que de 2002 para cá os meses de julho vêm mostrando valores decrescentes: 2003 (-4,42%), 2004 (-6,64%) e 2005 (-7,82%). ?Os próximos meses serão de espera, sem grandes modificações estruturais devido ao período eleitoral?, acredita. Segundo os economistas da Fiep, o ambiente econômico continua nebuloso: ?Os bancos aumentaram as reservas para devedores duvidosos, já que o crédito inadimplente subiu de R$ 15,81 bilhões no fim de 2004 para R$ 26,27 bilhões em maio de 2006. O crédito pessoal para consumo, como combustível para dinamizar o motor econômico, dá sinais de fadiga e de exaustão, na medida em que a inadimplência também neste segmento está crescendo significativamente (o Banco Central informa que a inadimplência aumentou 24,2% de final de 2004 para maio deste ano)?, aponta a análise do Departamento Econômico.

Outros dados agravantes, segundo análise da Fiep, são os números do IBGE de crescimento de 10,7% na taxa média de pessoas desocupadas, aumentando 1.3 ponto percentual em relação a maio de 2005 (IBGE); o fraco desempenho do PIB (incremento de apenas 0,5% no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro; na mesma base de comparação em 2005 o crescimento havia sido de 1,4%).

?Estes fatores conduzem a um desalento quanto às perspectivas de se fechar 2006 com um bom desempenho da economia?, observa Rocha Loures. Segundo ele, as projeções feitas pelos economistas da Fiep mostram que a produção física industrial do Paraná teria que crescer 9,27% no segundo semestre apenas para empatar com a performance de 2005. ?Embora o desempenho do segundo semestre seja sempre melhor que do primeiro, não temos chances de atingir este resultado?, acredita.

Alta, além de modesta, não é sustentável, segundo a Fiesp

São Paulo (AE) – As altas de 0,6% na produção industrial de julho frente a junho e de 3,2% na comparação com o mesmo mês de 2005 não são expressivas e não demonstram qualquer possibilidade de retomada sustentável da atividade industrial neste ano, segundo o gerente do Departamento de Pesquisas Econômicas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), André Rebelo.

Segundo Rebelo, o crescimento nas duas comparações aconteceu a partir de bases muito fracas (em junho, a produção industrial caiu 1,3% – revisado – sobre maio; e em julho do ano passado, a queda havia sido de 1,9% sobre junho). De qualquer forma, a expectativa de atividade nesta segunda metade do ano é tradicionalmente mais favorável, sobretudo por causa das festas de fim de ano.

?Haverá um crescimento aqui e outro ali, mas tudo muito chocho. Não se trata de redenção da atividade produtiva?, disse o economista da Fiesp, lembrando que a pesquisa Sensor-Fiesp apontou melhora nas vendas em agosto, mas, ao mesmo tempo, estoques acima dos verificados no mesmo mês do ano passado e uma tendência de demissões.

A Fiesp estima o crescimento do PIB deste ano entre 2,5% e 3%, e de 2% para o PIB industrial. ?Sem dúvida os juros e o câmbio são responsáveis por esse comportamento?, afirmou.

O aumento da produção de bens de capital de 1% em julho sobre junho e de 8,4% ante julho de 2005 é positivo, mas deve-se sobretudo a grandes projetos específicos de investimentos, como os conduzidos pela Vale do Rio Doce e a Petrobras, por exemplo, e que têm pouco efeito de difusão sobre a economia geral do País.

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