Indústria do chocolate espera pela Páscoa

A indústria brasileira de chocolates deve faturar R$ 685 milhões na Páscoa este ano – volume 11,2% maior do que o resultado obtido no ano passado. O incremento é resultado do aumento de 5% na produção de ovos de chocolate – de 20,4 mil toneladas em 2006 para 21,4 mil toneladas este ano, ou seja, cerca de 100 milhões de unidades – e do realinhamento de preços aproximado de 5,5%. Os dados do setor foram divulgados ontem durante coletiva à imprensa da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), em São Paulo.  

?A Páscoa representa uma operação de guerra para as indústrias?, apontou o vice-presidente de mercado da Abicab, Ubiracy Fonseca. De fato, a indústria não vem poupando esforços na tentativa de vender mais nesta que é considerada a melhor época do ano para o setor. Só este ano são 140 lançamentos – grande parte deles voltados para o público infantil, com brinquedos como recheio.

Para o vice-presidente da área de comunicações da Abicab, Fábio Acerbi, o bom desempenho do setor se deve sobretudo ao aumento do poder aquisitivo da população e à migração para ovos de maior valor agregado, além dos esforços das empresas, que têm se especializado e se desenvolvido. ?Existe um potencial grande de consumo de chocolate no Brasil. Enquanto o consumo per capita no País é de 2,4 quilos por ano, na Argentina é de 5 quilos e na Suíça de 12 quilos por ano?, apontou Ubiracy Fonseca.

Preços

Para o consumidor, as novidades chegam às prateleiras com o preço um pouco mais ?salgado?. A indústria prevê um realinhamento em torno de 5,5% em relação ao ano passado e atribui o reajuste ao índice de inflação, além do aumento do preço do cacau (cerca de 20% em um ano), do açúcar, embalagem e mão-de-obra. ?De qualquer maneira, como se sabe, os preços podem variar muito em razão dos lançamentos, bem como de outros fatores e, ao final, são realmente definidos pelos varejistas no ponto de venda, de acordo com suas políticas comerciais?, comentou o presidente da Abicab, Getúlio Ursulino Netto.

Entre as dezenas de indústrias do setor, a Ferrero é uma das poucas que não irá mexer nos preços dos produtos. ?Pelo terceiro ano consecutivo, os preços serão os mesmos?, garantiu o gerente de marketing Leonardo Dal Farra. No caso do Kinder Maxi, o preço aproximado é de R$ 19,90 e do Ferrero Rocher, R$ 24,00. ?A gente perde um pouco na rentabilidade?, admitiu.

Sobre os tamanhos dos ovos, o setor aposta que seja mantida a tendência de produção de ovos médios, de 201 a 500 gramas, que representaram 56% do total produzido no ano passado.

Em relação à geração de empregos, a indústria de chocolates prevê a contratação de 50 mil temporários – 25 mil para a linha de produção, que em muitas fábricas iniciou em setembro e se encerra no começo de outubro, e outros 25 mil para os pontos-de-venda.

Em 2006, o Brasil produziu cerca de 248 mil toneladas de chocolates de uso continuado (bombons, tabletes e candy bars), mantendo a quinta posição mundial, atrás dos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França. (A jornalista viajou a convite da Kraft Foods.)

Setor aposta na inovação para atrair a atenção do consumidor

Ovos de chocolate com cascas simples, duplas ou triplas, recheados com carrinhos, bonecas, óculos. As indústrias de chocolates vêm apostando cada vez mais nas inovações para conquistar tanto o público infantil quanto o adulto. A Kraft Foods, detentora da Lacta – com fábrica na Cidade Industrial de Curitiba – traz este ano seis novidades para o mercado, entre eles o Diamante Negro em formato de diamante e o Lacta creme com passas. ?Trabalhamos sobre três pilares: investimento em cima de marcas fortes, como Sonha de Valsa, Bis, Trakinas; inovação, como ovos com dupla casca e formatos diferentes e na equipe, com a contratação e treinamento de promotores?, apontou André Vercelli, diretor de Divisão de Chocolates e Biscoitos da Kraft Foods.

Segundo dados da ACNielsen, a Lacta é líder em vendas na Páscoa, com participação de 35% no mercado no ano passado, seguida pela Nestlé, com participação de 27%. No Paraná, a Lacta tem 39% do mercado, seguido pela Nestlé, com 17%.

Para este ano, a Kraft contratou cerca de 6,2 mil temporários, sendo 5 mil para a área de vendas. Os ovos da Lacta devem chegar ao mercado com preços médios 6% acima do ano passado.

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