Indústria deve puxar crescimento em 2010, prevê CNI

Um dos setores mais atingidos pela crise financeira internacional em 2009, a indústria brasileira deve puxar o crescimento em 2010. A previsão é do gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, que comentou hoje os indicadores industriais relativos a novembro de 2009.

“Os dados mostram que a indústria reagiu e vai encerrar 2009 com a retomada do crescimento. As perspectivas para 2010 são positivas, e a indústria deve puxar o crescimento neste ano”, disse o economista.

Ele destacou, no entanto, que nem todos os efeitos da crise foram superados. O setor, segundo Castelo Branco, ainda vai apresentar queda nos principais indicadores de 2009, mas “os dados de novembro já mostram um cenário de consolidação da retomada da atividade industrial.”

“Essa retomada será tanto mais intensa quanto mais intensa for a retomada do comércio mundial”, completou Castelo Branco, destacando que os setores que atendem à demanda doméstica sofreram menos com a crise que aqueles que estão atrelados à demanda externa. “A demanda externa não se recuperou totalmente, e isso está agravado pelo problema do câmbio. Então, os investimentos neste segmento vão demorar um pouco mais para reagir”, disse o economista.

Segundo ele, os investimentos neste ano serão a alavanca do crescimento, mas esses investimentos são percebidos nos setores mais voltados para o mercado interno.

“Se queremos uma indústria mais forte, temos que ter melhores condições de competitividade”, afirmou Castelo Branco. Ele lembrou ainda que as importações têm crescido em todos os tipos de bens, a uma velocidade grande, o que se deve em grande parte ao dinamismo do mercado brasileiro. O economista disse, no entanto, que com o câmbio adverso para as exportações, é necessário que o governo tome medidas de estímulo à competitividade da indústria nacional, como a desoneração tributária. “É o caminho para reduzir custos.”

Castelo Branco observou que a estrutura tributária brasileira é complexa e pesada e cria dificuldades para as empresas, como na questão de utilização dos créditos tributários, o que atrapalha a competitividade. “A questão tributária se discute há muito tempo, mas os avanços são limitados”, disse.