Indefinição faz Varig perder mercado

Foto: Arquivo/O Estado
Corredores vazios diante dos balcões da Varig.

A participação no mercado doméstico da Varig – que já dominou o setor com mais de 50% e hoje detém uma fatia de apenas 14,4% – caminha para um nível de 10%, caso seja mantido, para as próximas semanas, o cenário de cancelamentos de vôos registrado nos últimos dias. A projeção foi feita pelo especialista em aviação civil Paulo Bittencourt Sampaio. Ontem, a empresa não divulgou balanço de cancelamentos, como fez nos dois dias anteriores. No entanto, vôos previstos para o Rio e em outros aeroportos foram novamente suspensos.

No Aeroporto Santos Dumont, no Rio, a informação era de que cinco decolagens da ponte aérea para São Paulo foram canceladas. No Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, também no Rio, pelo menos quatro partidas haviam sido suspensas, para Florianópolis e Brasília, além de chegadas de Brasília e de Foz de Iguaçu. Na ponte aérea, Sampaio informa que a taxa de ocupação da Varig tem sido na faixa de 36% há dois meses.

O especialista explica que, a continuar nessa ?batida?, a empresa terá uma forte reversão de tráfego, principalmente no mercado doméstico, no qual as opções são maiores, complementa Sampaio. Ele alerta que o efeito não se limita à redução da oferta. Na prática, os cancelamentos geram desconfiança entre os passageiros, que acabam ficando ainda mais cautelosos com a empresa. ?Por isso, o reflexo na demanda é ainda maior?, argumenta Sampaio.

O consultor da Bain&Company, André Castellini, conta que o peso da empresa no mercado já caiu para quase um terço da Gol e a imagem vem sendo desgastada. Ele cita que, no curto prazo, a Varig corre o risco de ter de se concentrar em passageiros que estão apenas atentos à oferta de preços mais baixos, o que reduziria a receita. ?A Varig precisa se relançar, para isso, precisa de recursos, de um investidor forte?, afirmou.

Feriado

Na quarta-feira, véspera do feriado de Corpus Christi, o movimento no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, era intenso. No entanto, como nos dias anteriores, os balcões da Varig apresentavam movimento bem menor que o das concorrentes. Quem buscava os vôos da empresa estava aproveitando as tarifas menores. Também tentava usar as milhas acumuladas.

É o caso da farmacêutica Daniella Almeida: ela embarcava para Brasília no final da tarde, embora não tivesse necessidade de viajar neste momento. ?Estou viajando para torrar as minhas milhas. Ainda tenho 70 mil para gastar ao longo deste ano.? O vôo de Daniella estava atrasado uma hora e meia e ela chegou ao aeroporto apreensiva, pois não sabia se embarcaria ou não. Daniella sempre viajou pela Varig. Mas, se tivesse de comprar uma passagem, o faria pela TAM, por medo de atrasos e cancelamentos.

Justiça reconhece compra da VarigLog pela Volo

Brasília (AE e redação) – O TRF (Tribunal Regional Federal) da 1.ª região, em Brasília, suspendeu as exigências da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para a transferência do controle acionário da VarigLog para a Volo do Brasil, segundo informações da Volo, que considerou ?ilegais? as exigências feitas pela Anac para a transferência.

Em abril, a Anac rejeitou a venda da VarigLog para a Volo do Brasil, empresa constituída pelo fundo americano Maltin Patterson, e vetou a transferência das ações do consórcio Aero-LB (TAP e outros), empresa que havia comprado a subsidiária no ano passado, da VarigLog Participações para a Volo. A transferência de ações fazia parte de uma operação de venda da antiga subsidiária de cargas da Varig envolvendo US$ 48,2 milhões.

Segundo a Anac, a venda não foi aceita porque representantes da Volo e do Aero-LB não pediram autorização à agência reguladora para realizar a transação.

A decisão da diretoria do órgão regulador seguiu orientação da Procuradoria Jurídica da agência, que analisou requerimento do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) a respeito da transação envolvendo a VarigLog.

A transferência das ações também foi questionada na Justiça porque a legislação proíbe que uma aérea brasileira tenha mais de 20% de participação de uma estrangeira.

A Volo informou, no entanto, ser controlada por empresários brasileiros e que o negócio estaria de acordo com a legislação do País.

De acordo com a Volo, a Justiça reconheceu que as sucessivas exigências da Anac com relação a transação de venda do controle da VarigLog para a Volo são ?descabidas?. ?Até porque a agência desconheceu documentos já apresentados, que satisfazem todas as exigências legais e regulamentares necessárias para a aquisição do controle acionário da VarigLog?, informou a empresa.

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