Importados ganham espaço dos nacionais

Foto: Arquivo
Inclusive calçados estão sendo importados, em detrimento da produção nacional.

São Paulo (AE) – O Brasil está substituindo parte do consumo de produtos nacionais por importados em determinados setores. O aumento das importações em relação ao consumo aparente nacional (produção mais importação menos exportação) atinge setores como os de calçados, couros e peles, veículos automotores, artigos de vestuário, petróleo e carvão e indústrias diversas. ?Onde isso é preocupante mesmo é no setor de calçados?, diz o economista Fernando Ribeiro, da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), que identificou a substituição de produtos nacionais.

O setor de calçados, couros e peles é onde o fenômeno é mais evidente. A participação dos produtos importados no consumo nacional desses artigos passou de 18,2% para 29,2% em apenas um ano, do primeiro semestre de 2005 para os primeiros seis meses de 2006. O consumo aparente desse tipo de produto no mesmo período caiu 27,6%, mas mesmo assim, a importação aumentou 15,6%. Com a redução do espaço no mercado doméstico, as empresas nacionais de calçados, couros e peles procuraram vender mais para o exterior. A parcela produzida pelo setor destinada à exportação cresceu de 74,5% para 83,8% do primeiro semestre do ano passado para igual período deste ano. Mas isso foi insuficiente para evitar uma queda da produção nacional do setor de 1,6%.

Embora em situação bem melhor, o setor de automóveis também mostra tendência a continuar com a substituição dos produtos nacionais por importados, segundo Ribeiro. Em 2004, os importados representavam 5,2% do consumo aparente nacional de veículos automotores. Passaram para 6,9% em 2005 e no primeiro semestre deste ano chegaram a 7,8% dos veículos automotores vendidos no mercado interno. As importações de automóveis aumentaram 74,6% do primeiro semestre do ano passado para igual período deste ano. A grande diferença para o setor de calçados é que o consumo aparente de veículos automotores aumentou em 25,6% nos primeiros seis meses de 2006 em relação a igual período deste ano, permitindo aumento da produção nacional, embora em proporção menor, de 21%.

Ribeiro observa que nos setores têxtil e de artigos de vestuário a preocupação é maior com a tendência de crescimento dos importados, principalmente da Ásia, do que propriamente com o momento atual. A participação dos importados no consumo nacional ainda é relativamente pequena. No caso de artigos de vestuário, essa participação era de 2,8% no primeiro semestre do ano passado e passou para 3,7% nos primeiros seis meses deste ano. No de têxteis, esse aumento foi de 7,6% para 9,5% na mesma comparação. Em 1998, a participação dos importados no consumo nacional aparente de têxteis era de 9,4%.

Já em petróleo e carvão, o aumento da participação dos importados no consumo é mais devido a aumento de preço dos produtos estrangeiros que à quantidade e não é uma tendência, lembra Ribeiro. ?A tendência é sermos exportadores líquidos de petróleo?, disse.

No setor classificado como ?indústrias diversas?, o aumento da participação dos importados no consumo aparente cresceu de 22,6% para 25,6%, do primeiro semestre de 2005 para o mesmo período deste ano, com um aumento de 13,4% no consumo aparente e de 28,7% na importação.

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