Impacto da queda da Selic no crediário é quase zero

A queda da taxa básica do juro terá repercussão mínima nos planos de crediário do varejo. "A redução é importante para o consumidor do ponto de vista psicológico, porque ele toma decisões em cima de expectativas, mas afetará pouco o valor das prestações no crediário", diz o vice-presidente da Associação Brasileira dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira.

Com uma taxa básica de 11,25% ao ano a taxa média de juros de mercado para o consumidor cai para 131,87% ao ano, o que representa uma queda de apenas 0,27% ao mês. "É quase nada", diz Oliveira. "As taxas continuam elevadas. Em algumas financeiras há linhas de empréstimo pessoal que atingem taxas de mais de 1.500% ao ano." Ele observa que há um descolamento entre a Selic e os juros cobrados do consumidor, que embutem impostos compulsórios, inadimplência, margem do banco e despesas administrativas da operação. ‘A variação é de mais de 1.000% entre a taxa média de crédito para o consumidor e a Selic", compara.

Para mostrar o baixo impacto do corte do juro no varejo ele cita a compra de uma geladeira de R$ 800. Financiada em 12 vezes com taxa de juro média do comércio de 5,99% ao mês o produto sairá por R$ 1.144,44, dividido em prestações de R$ 95,37. Com a nova Selic, a mesma geladeira custará se parcelada em 12 vezes R$ 1.143,12. Cada prestação com taxa de juro média de 5,97% será de R$ 95,26. Em resumo, a redução da prestação será de R$ 0,11 ou R$ 1,32 no total, ao fim de 12 meses. Na compra de veículos o corte é um pouco maior. Ao financiar em 60 meses, por exemplo, um carro de R$ 25 mil, o consumidor terá redução de R$ 3,88 na prestação, o que vai representar um total de R$ 232,80.

Cheques

A queda dos juros do cheque especial nos últimos dois anos foi de 6,8%. Em setembro de 2005, quando a Selic começou a cair, ela estava em 148,75% ao ano e chegou a 139,24% em julho, num recuo de 9,5 pontos porcentuais. No mesmo período, a taxa básica da economia teve uma queda proporcionalmente muito maior. Passou de 19,5% para 11,5%, um recuo de 8 pontos porcentuais, o equivalente a 41%. "Um dos motivos para isso é a falta de garantia no cheque especial. Mas os bancos lucram muito com isso e aproveitam o argumento da falta de garantias para cobrar taxas abusivas", diz o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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