Iedi: queda de 0,4% na indústria é apenas ‘tropeço’

A queda de 0,4% na produção industrial brasileira em julho ante junho deste ano, conforme dados apresentados esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pode representar apenas um "tropeço" no setor e não o início de uma crise. Esta é a conclusão do estudo "Quem deu o passo atrás em julho?", divulgado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). De acordo com a instituição, a queda surpreendeu muitos analistas, que esperavam uma continuidade no processo de expansão da indústria – o índice vinha de nove altas consecutivas.

Segundo a análise do Iedi, apesar da retração, o cenário da indústria brasileira ainda é positivo. Primeiro porque a queda está centralizada na indústria de transformação, que sofreu retração de 0,7% em julho na comparação o mês anterior, ante altas de 1,3% em maio e 1,1% em junho. Já a indústria extrativista manteve uma trajetória positiva, com altas de 1% em julho, 1,2% em junho e 0,5% em maio. Além disso, os segmentos de "veículos automotores" e "máquinas e equipamentos", os dois principais responsáveis pelo crescimento de 4,8% da produção fabril no primeiro semestre deste ano, mantiveram ou até mesmo aceleraram sua expansão.

É o caso do setor de máquinas e equipamentos, que sofreu apenas uma leve desaceleração: cresceu 17% em julho em relação ao mesmo período do ano passado, ante uma alta de 20,5% em junho. De acordo com o Iedi isso sinaliza "a manutenção da expansão dos investimentos e, assim, da capacidade produtiva da economia brasileira".

Já o setor de "veículos automotores" apresentou até mesmo uma aceleração no ritmo de expansão. Cresceu 18,3% em julho, ante uma alta de 12,8% em junho, ancorado principalmente no aumento de 20,9% na produção de "automóveis, camionetas e utilitários, inclusive motores". Conforme a análise do Iedi, a explicação para esse incremento está na expansão da demanda interna e do crédito.

Para o Iedi, a única "luz amarela" foi acesa no setor de alimentos, que sofreu uma retração de 1,3% em julho em relação ao ano passado, após ter ficado estável em junho e ter crescido apenas 1,4% em maio. Na avaliação do instituto, esse desempenho pode ser "prenúncio de um desaquecimento do setor no segundo semestre, associado ao impacto negativo da alta dos preços dos alimentos sobre o consumo da população". Os preços dos produtos alimentícios já acumulam, até agosto, alta de 6,73% em 2007, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE. Diante disso, o Iedi avalia que o setor de alimentos pode acentuar a retração nos próximos meses e "atenuar, mas não comprometer", a taxa de crescimento da indústria no Brasil em 2007.

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