IBGE prevê aumento de 8% na safra agrícola de 2004

A safra agrícola deste ano baterá mais um recorde, segundo previsão do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com base em levantamento realizado em janeiro. O instituto projeta uma safra 8% superior à obtida em 2003, totalizando 133 milhões de toneladas. No ano passado, a safra foi recorde e alcançou 123 milhões de toneladas.

A última previsão divulgada pelo IBGE, no mês passado, era de que a safra deveria atingir 132,2 milhões de toneladas em 2004, o que representaria um crescimento de 7,31% em relação a 2003.

A produção de soja, voltada para o mercado externo, deve puxar o crescimento. O IBGE prevê uma alta de 14,40% neste ano em relação ao ano passado. A sua exportação é favorecida pela alta das cotações dos preços e a maior demanda no mercado internacional, principalmente na China.

A produção de soja deve chegar a 59 milhões de toneladas, quase 45% da safra total prevista para 2004.

Os maiores estados produtores são Mato Grosso e Paraná, com produções avaliadas em 16 milhões de toneladas e 11,7 milhões de toneladas, respectivamente.

Regiões

Todas as regiões devem registrar aumento de produção, em comparação com a safra de 2003. A região Sul é a maior produtora, com 59 milhões de toneladas e crescimento de 0,98% (exceção para o Paraná, que terá quebra na produção de soja). O Centro-Oeste deve fechar 2004 com uma safra de 43,227 milhões de toneladas (alta de 15,03%). No Sudeste, a produção agrícola deve aumentar 5,9%, chegando a 17,3 milhões de toneladas.

A região Nordeste deve aumentar em 30,25% sua safra, com 10,5 milhões de toneladas. No Norte, a previsão é de 2,8 milhões de toneladas, o que representa uma alta de 6,02% em relação ao que foi produzido no ano passado.

Seca prejudica as lavouras no Paraná

A seca dos últimos meses já causa prejuízos à agricultura no Paraná. O Deral – Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura fez uma nova reavaliação da safra de grãos e já confirmou a perda de mais de um milhão de toneladas de soja, além da redução de 5,4% da estimativa de plantio de milho safrinha. A produção total de grãos no Paraná, antes prevista para ultrapassar os 30 milhões de toneladas, deve ficar agora em 28,54 milhões, o que significa uma redução de 5,9% em relação ao recorde obtido na safra 2002/2003.

Até o mês de dezembro o clima beneficiou as lavouras de verão, mas a partir de janeiro as condições climáticas deixaram de ser favoráveis. As chuvas tornaram-se irregulares e em várias regiões do Estado a soja, principal cultura de verão, foi a mais prejudicada, uma vez que parte das lavouras estavam em fase de floração e enchimento de grãos. A produção, antes estimada em 11,85 milhões de toneladas, vai ser de aproximadamente 10,85 milhões de toneladas, com redução de 8,75% em relação à estimativa inicial, e de 0,9% em relação ao recorde de 2003/2004. A colheita já foi efetuada em 12% da área, com produtividade bastante variada.

Já a safra de milho normal foi colhida em 26% da área, com excelente produtividade. Cerca de 82% das lavouras estão em bom estado. Mas a falta de chuva provocou um atraso no plantio do milho safrinha, feijão da seca e de batata seca, podendo comprometer parte do potencial de produção. O milho safrinha foi plantado em apenas 30% da área, quando o normal seria pelo menos 50%. Tendo em vista que em muitas regiões a época recomendada já se esgotou, parte do plantio não deverá ser efetuado, podendo ocorrer substituição por trigo, aveia ou cevada.

De acordo com a engenheira agrônoma do Deral, Vera Zardo, regiões que não tiveram problemas em janeiro foram afetadas pela estiagem de fevereiro e atualmente quase todo o Estado necessita de chuvas de boa intensidade. “Foram dois meses de clima desfavorável, justamente no período em que os principais grãos de verão estavam na fase produtiva”, explicou. Segundo Vera, há muito tempo o Paraná não enfrentava uma situação de falta de chuva, justamente nos meses de janeiro e fevereiro.

Para o economista Norberto Ortigara, responsável pela previsão de safras e custos de produção da Seab, mesmo com a redução na área do plantio de milho, e queda na produção de soja, o Paraná vai estar colhendo uma supersafra de grãos. (AEN)

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