IBGE: alta de juros e desaceleração na renda afetam consumo das famílias

A alta nas taxas de juros, a desaceleração no ritmo de concessões de crédito e o crescimento menor da renda afetaram o consumo das famílias em 2014, explicando o aumento de apenas 2,2% nas vendas do varejo no ano, o pior desempenho desde 2003, justificou Juliana Vasconcellos, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A gente pega 2014 nitidamente com desaceleração no consumo. O custo do crédito aumentou, 2014 é um ano que não foi muito favorável para a economia. A taxa de crescimento da massa salarial está menor”, constatou Juliana.

Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, também apurada pelo IBGE, a massa salarial dos ocupados cresceu 1,4% em 2014, ante alta de 2,4% em 2013. As concessões de crédito para pessoa física cresceram 7,8% em 2013, e apenas 4,7% em 2014. Já a taxa média de juros do crédito com recursos livres para pessoa física que era de 29,9% ao ano em 2013 passou a 32,4% em 2014, lembrou Juliana.

“Esse crédito, juros e a renda crescendo menos afetam o consumo das famílias. Algumas atividades são mais afetadas, outras menos. A atividade de farmácia não é afetada, porque vende produtos essenciais e está com preços gerais abaixo da inflação. Mas no segmento de livros, os preços estão acima da inflação e ao mesmo tempo tem concorrência com todo o aparato eletrônico que vêm com os preços caindo”, citou a pesquisadora.

A gerente do IBGE ressaltou ainda que 2014 foi um ano atípico, com realização da Copa do Mundo e eleições, que podem ter tido alguma influência sobre a decisão de consumo. “A população fica com uma incerteza maior”, disse ela.

Segmentos

Em 2014, o segmento de Outros artigos de uso pessoal e doméstico – que inclui lojas de departamento, ótica, joalheria, artigos esportivos, brinquedos etc. – registrou alta de 7,9% no volume de vendas em relação ao ano anterior, o principal impacto positivo para o avanço de 2,2% do varejo no período. Segundo o IBGE, o bom desempenho foi puxado pela diversidade de itens comercializados, que favorece as vendas no período natalino.

Já a atividade de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com crescimento de 9,0% no ano, deu a segunda maior contribuição à taxa anual do varejo, impulsionada pelos preços de medicamentos, bens de uso essencial que têm aumentado abaixo da inflação oficial no País.

A atividade de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com elevação de 1,3% nas vendas em 2014, exerceu a terceira maior contribuição para o varejo, mas o crescimento do segmento ficou abaixo do registrado em 2013, quando a taxa foi de 1,9%. Além do crescimento menor da massa salarial dos trabalhadores no período, a atividade foi prejudicada ainda pelos aumentos de preços da alimentação no domicílio que, segundo o IPCA, subiram 7,1% em 2014, contra alta de 6,4% do índice geral.

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