Guido Mantega recua e diz que não quer inflação

 Foto: Átila Alberti

Guido Mantega: esclarecimentos.

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, esclareceu que o que ele quis dizer anteontem, em audiência no Senado, é que o Banco Central deve perseguir o centro da meta de inflação (4,5%). ?Aliás, estou chovendo no molhado porque isso é o que dispõe a legislação sobre este aspecto?, disse.

Anteontem, Mantega afirmou que ?o BC poderá entregar, no final de 2007, algo como 4,5% ou 5% de inflação. O centro da meta é 4,5%, e não menos. O governo não tem pauta conservadora?. As declarações soaram como uma crítica ao BC e uma cobrança a respeito da taxa de juros. ?Cair 3 pontos percentuais ao longo de 4 anos é sopa, é fácil?, completou o ministro. No ano passado, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 3,14%.

Ontem Mantega explicou que a razão para o BC perseguir o centro da meta é que ele foi pensado pelo governo e o Conselho Monetário Nacional como uma taxa que permite conciliar uma inflação sob controle e um crescimento maior da economia. Ele ressaltou, entretanto, que a inflação efetiva pode ficar abaixo do centro da meta. ?Se nós conseguirmos, praticando uma política monetária mais flexível, alcançar uma inflação menor que o centro da meta, melhor ainda?, disse.

O ministro ainda enfatizou em entrevista ontem à tarde que não é a favor do aumento da inflação. ?Muito pelo contrário, eu acho que uma grande conquista da sociedade brasileira foi ter conseguido uma inflação baixa. E essa conquista tem que ser mantida?, afirmou. Ele acrescentou que o ideal seria que o Brasil conseguisse conciliar a inflação suíça (hoje de 1% ao ano) com o crescimento à taxa chinesa (cerca de 10%). Ele admitiu, entretanto, que isso é algo difícil de se fazer. ?Ter um crescimento maior com uma inflação menor é o desejável, é o melhor dos mundos?, afirmou.

Ele destacou, entretanto, que o Brasil não pode perseguir uma inflação menor, que venha sacrificar o crescimento econômico. Mantega também reafirmou que não acha que o BC trabalha com uma meta implícita de inflação menor do que 4,5%, que equivale ao centro da meta de inflação.

Ele reconheceu, no entanto, que é difícil acertar exatamente o centro da meta de inflação. ?Acertar na mosca, não vai. Assim como a gente não acerta na mosca o crescimento econômico.? O importante, na opinião de Mantega, é o BC adotar as políticas adequadas para perseguir o centro da meta. Para ele, o BC já está fazendo isso.

Moeda

Mantega disse ainda que, nos últimos seis meses, a moeda brasileira é uma das mais estáveis do mundo. ?Nós temos mantido uma certa estabilidade do câmbio brasileiro e isto é o desejável?, disse Mantega.

Ele reconheceu que a taxa de câmbio no Brasil se valorizou nos últimos dias e que a tendência é que ela permaneça valorizada em razão das novas condições do quadro econômico mundial.

Voltar ao topo