Gripe suína se reflete no setor do turismo

Após todas as polêmicas envolvendo a gripe A (H1N1), quem sente os problemas da epidemia agora é o setor do turismo internacional. De acordo com operadoras que têm países como Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai em seus roteiros, a queda na procura de viagens para esses locais baixou, em média, 80%.

“Começamos a sentir os problemas da gripe A no final de junho, quando os casos começaram a chegar ao Brasil provenientes, em sua maioria, desses países. A partir daí chegamos a registrar uma baixa de 80% na venda de pacotes para a América Latina”, afirma o gerente operacional da operadora de turismo MGM, Anderson Luiz de Camargo. “Registramos uma queda de 70% nas vendas de pacotes para a América Latina”, completa o sócio-gerente da AVS Turismo, Samir Ibrahim.

De acordo com Camargo, apenas aqueles que realmente precisam estar nesses países continuam comprando as passagens que, após a pandemia, tiveram seus preços reduzidos em até 40%.

Para resolver a situação daqueles turistas que já haviam comprado suas passagens antecipadamente, as operadoras estão devolvendo integralmente o valor investido pelo viajante.

“Esse é o procedimento mais correto e seguido pelas operadoras no Brasil. No entanto, algumas podem não estar seguindo essa linha por causa do valor já investido em outro país como, por exemplo, no pagamento de hotéis”, explica.

Segundo o gerente, algumas empresas desses países não estão devolvendo o valor adiantado pelas operadoras brasileiras. Nesse caso, existem duas possibilidades: o pagamento de uma multa (10 a 15%) imposta pela agência estrangeira ou reverter a quantia para futuras viagens com a mesma empresa.

De acordo com a gerente da Sydney Câmbio e Turismo, Lígia Blume, a orientação a partir de agora é não vender pacotes para essas regiões. “Para evitarmos maiores transtornos entre os clientes e nossos funcionários orientamos todos a não vender mais pacotes para os países em questão. Faremos isso até que tenhamos notícias de que a situação melhorou”, afirma.

Uma solução encontrada pelas operadoras é oferecer outros pacotes – o Nordeste é o mais procurado. “Nesses casos, oferecemos pacotes alternativos aos nossos clientes. Salvador, Porto de Galinhas e Fortaleza estão entre os mais procurados.

Esperávamos, inclusive, que o Rio Grande do Sul fosse uma dessas opções, mas os turistas estão realmente priorizando o calor das praias do que o frio da região Sul”, compara Camargo.

Voos

Com a redução da procura a esses países, o movimento de passageiros em voos também diminuiu. De acordo com uma análise feita pela Gol Linhas Aéreas, o movimento de passageiros em voos para a América do Sul caiu em torno de 40% desde o início do surto de gripe suína na região. Além das viagens normais, as viagens fretadas também apontaram redução, desta vez em 30%.

Por outro lado, a Associação Brasileira de Agências de Viagens do Paraná (Abav/Pr) afirma, por meio de sua assessoria, que o período mais crítico para o setor foi  o início de julho, quando as viagens aos países do Mercosul reduziram 50%.

De acordo com a associação, a situação agora está começando a mudar. Por conta das declarações do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a Abav/PR afirma que os turistas estão sabendo a real proporção da doença, bem como os seus riscos e cuidados.

Câmbio também sente reflexos

Além da redução do número de turistas, pacotes e viagens para essas regiões, empresas que trabalham com o câmbio – a troca do real por moedas de outros países – também notaram uma redução drástica nas transações.

De acordo com o gerente da AVS Câmbio e Turismo, Samir Ibrahim, a crise, aliada com a alta do dólar e com a gripe A, vêm preocupando empresários do setor.

“Começamos a perceber essa redução na venda de moedas estrangeiras após a polêmica crise mundial, em setembro do ano passado. Depois disso, o que nos prejudicou foi a alta do dólar e agora a gripe A. Nossos estoques de moedas desses países estão intactos”, afirma.

De acordo com o gerente, o peso argentino e o chileno foram os menos procurados após todos esses fatores. “No final do ano passado, antes da crise, tínhamos uma alta procura por essas duas moedas. Agora, após tudo isso, não registramos nenhuma venda, foi uma queda muito drástica para o setor e isso nos preocupa muito”, completa Ibrahim.

Por outro lado, a gripe A também trouxe um beneficio para as empresas de câmbio. “Para nós a queda na compra não foi significativa, mas a venda do peso argentino cresceu muito após essa polêmica da gripe A. Como o peso não é uma moeda boa para investimento, as pessoas estão preferindo vender aquela quantia guardada. Esse foi um ponto positivo, que foi iniciado após a pandemia”, explica a gerente da Sydney Cambio e Turismo, Ligia Blume.

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