Greves ameaçam as exportações de frango

A continuidade dos bons resultados obtidos pela indústria avícola do Paraná nos dois primeiros meses de 2004 está ameaçada, pela greve dos fiscais agropecuários que pode ser retomada a partir de amanhã e pela paralisação do Porto de Paranaguá. Nos dois primeiros meses do ano, o Estado, que é o maior produtor nacional, abateu 281 mil toneladas, 9% mais que no mesmo período do ano passado (258 mil toneladas). No mesmo período, embarcou 179,6 mil toneladas contra 161,5 mil em 2003. O valor das exportações de frango aumentou 22,5%, passando de US$ 72,7 milhões para US$ 89,2 milhões. Com este desempenho, o Paraná ultrapassou o Rio Grande do Sul e consolidou a segunda colocação no ranking de exportação, com 19,9% do total do País, atrás apenas de Santa Catarina.

As dificuldades do setor foram debatidas na última sexta-feira, em Curitiba, entre produtores da Região Sul e de São Paulo, que concentram mais de 70% da produção nacional. “Para quem atua só no mercado interno, a situação está difícil”, relata o presidente do Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná), Domingos Martins. Das 29 avícolas do Paraná, 19 estão habilitadas para o mercado internacional, mas as pequenas e médias ainda não. Apesar da greve dos fiscais do Ministério da Agricultura ter afetado todos os portos brasileiros, o prejuízo no Paraná foi agravado pela paralisação no Porto de Paranaguá.

“Conhecendo as fragilidades que temos – greve dos fiscais e do porto e o mercado interno desaquecido, porque o povo está sem dinheiro – os clientes do mercado externo aproveitaram para reduzir preço”, informa Martins. Nos cinco dias de paralisação do Porto de Paranaguá, o Sindiavipar estima perdas próximas de R$ 20 milhões. Só em mercadorias que deixaram de ser embarcadas, foram R$ 17,4 milhões. Soma-se a esse montante a ração dos frangos que já deveriam ter sido embarcados (R$ 700 mil) e o investimento em pintinhos que deixaram de chegar às granjas por conta das aves acumuladas (R$ 500 mil). “Não tem como deixar o frango no campo e postergar o abate”, observa Martins.

No mercado interno, o preço FOB do quilo do frango recuou de R$ 2,40, em outubro de 2003, para R$ 1,65 a R$ 1,80. “Além disso, houve um aumento considerável nas matérias primas, como milho, soja e embalagens. O mercado interno está superinviável. Só quem exporta consegue compensar”. Na avaliação de Domingos Martins, o preço do frango não deve subir, pelo menos até maio.

No setor, existe uma preocupação com o abastecimento de milho no segundo semestre, por conta da redução na safra 2003/2004. Houve chuvas no Mato Grosso e falta de chuvas no Rio Grande do Sul, que reduziram a produtividade do milho. A saca, que custava em média R$ 14 no ano passado, hoje sai entre R$ 17 e R$ 18 e tende a subir ainda mais com a quebra na safra.

Apesar da conjuntura desfavorável no mercado doméstico, o setor avícola está esperançoso com a possibilidade de aumentar as exportações em função da gripe do frango na Ásia. “Vemos com bons olhos o crescimento das importações da União Européia. Significa que temos produto de qualidade para atender um mercado exigente”, destaca o diretor executivo do Sindiavipar, Ícaro Fiechter.

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