O Brasil quitará ao longo deste mês de janeiro de 2006 uma dívida de US$ 2,6 bilhões com os países do Clube de Paris, informou o secretário do Tesouro, Joaquim Levy. A notícia de mais este pagamento externo foi dada pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci, durante a reunião ministerial, no final do ano passado. Segundo Levy, com isso o Brasil ?está virando a página? e ainda fará uma economia no pagamento de juros sobre essa dívida. ?Estamos fazendo uma reorganização dos nossos passivos?, afirmou.
O Clube de Paris é uma instituição informal que reúne países credores dos quais o Brasil tornou-se devedor em 1983, quando reestruturou sua dívida externa. O débito restante, que será zerado, foi reescalonado em 1992. O secretário detalhou que o pagamento total vai se referir a uma parcela de cerca de US$ 860 milhões, que deveria ser mesmo paga em dezembro deste ano, e a antecipação de aproximadamente US$ 1,7 bilhão que venceria em outras duas partes originalmente previstas em junho e dezembro do ano que vem. Com isso, haverá uma economia para o País de cerca de US$ 100 milhões em juros, segundo Levy. Ele ainda explicou que, como os países credores têm diferentes moedas, o clube terá até janeiro para sistematizar a forma da quitação.
Levy atribuiu as decisões de pagar ao Clube de Paris e antecipar a devolução ao Fundo Monetário Internacional (FMI) de outros US$ 15,5 bilhões à evolução positiva dos indicadores econômicos do País. ?As coisas se completam, pois foi o mesmo processo que levou o Banco Central a baixar a Selic. A melhora nos fundamentos econômicos, o superávit em conta corrente de 2% do PIB e o superávit primário em linha?, afirmou.
O pagamento ao FMI foi feito com as reservas do BC, mas o secretário não quis revelar de onde virão os recursos para o pagamento ao clube, que poderão ser tanto as reservas do BC quanto os dólares que o Tesouro tem comprado no mercado. ?Nós temos hoje a liberdade de ter essas duas opções?, afirmou.